Analise 1.748

Estrelado por Timothée Chalamet, Elle Fanning e Monica Barbaro, o filme recebeu oito indicações ao Oscar 2025 e, todas elas mais que merecidas a começar pela mega e minimalista atuação de Timothée (que se torna o primeiro ator a receber duas indicações antes dos trinta anos desde James Dean) e que teve que aprender a tocar violão, gaita e a cantar para apresentar, ao vivo, as quarenta músicas do filme. Não se enganem: Não há dublagem nem gravações em estúdios para serem enxertadas no filme. Timothée realmente, toca e canta ao vivo e, não é à toa que o sindicato dos atores lhe deu o prêmio de Melhor Ator em 2024 e espero que o Oscar o reconheça como tal.
A propósito: Ele é tão visceral que encarna vocalmente Bob Dylan, incorporando todos os trejeitos, olhares, postura corporal e tons vocais que vemos Bob Dylan, e nunca uma interpretação dele.

Baseado no livro “Dylan Goes Electric!”, escrito em 2015, essa cine bio ousa não só mostrar as músicas e a trajetória do homenageado, mas também estudar o cérebro, as motivações e as intolerâncias com as pessoas que não conseguia se conectar, bem como seu desacordo com a indústria musical que queria dominá-lo e domá-lo e rotula-lo dentro de um estilo lucrativo que ele se rebelava em prol de sua liberdade criativa.

Essa verdadeira viagem aos anos sessenta e oitenta em muito é ajudada pela magnífica fotografia saturada aos moldes de uma película antiga, enquanto a reconstrução de época é primorosa e minimalista nos mínimos detalhes, - cenografia e figurinos - criando não apenas uma ambientação externa, mas também atenta as mudanças dentro da personagem principal, expondo sua constante solidão voluntária, seus vazios e insatisfações incapaz que era de preencher seus vazios, algo que a fama também não conseguia e nunca conseguiu.

Com diálogos muito sóbrios sem apelar para alívios cômicos e os famosos clichês das cinebiografias, a direção opta por um tom narrativo mais humanizado onde examina seu peculiar comportamento, parcerias musicais, seus amores volúveis, e sua constante rebeldia e melancolia, bem como astros como Little Richard, Johnny Cash, Joan Baez.
Infelizmente a condução do roteiro dificulta o espectador de acompanhar/perceber claramente a passagem do tempo, a cronologia do desconhecido para a fama, mas todas atuações, inclusive dos coadjuvantes, acabam minimizando esses lapsos temporais.

Para quem viveu e amou o século 20, não tem como não se emocionar ao relembrar fatos importantíssimos da história que, geralmente, aparecem nas TVs, contextualizando não só a época como as letras do músico que mais tarde receberia um prêmio Nobel por suas letras e que, no entanto, não compareceu a cerimônia e nem nunca foi busca-lo, mas prepare-se para grandes duelos musicais, principalmente com a lendária Joan Baez, e não se frustre com o enigma Bob Dylan que permanecerá sempre introvertido e ensimesmado continuando Um Completo Desconhecido.

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