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O REFORMATÓRIO NICKEL

Foto do escritor: Cardoso JúniorCardoso Júnior

Atualizado: 21 de fev.

Analise 1.746

Selecionado entre os 9 melhores filmes de 2024 no Oscar 2025, além de indicação ao BAFTA, Critics Choice, Globo de Ouro e até no Directors Guild, Nickel Boys, deve ser muito bom e é uma pena que não teve jeito de eu vê-lo dessa forma e não duvido que muitos espectadores também compartilhem da minha opinião.


Ok, que a temática abordada é importante e, a maioria dos 9 (embora me falte apenas dois pra ver e comentar), tem essa característica em um ano fraco daqueles tipos de filmes que podem ser classificados como estupendos na minha opinião que classifica, pelo menos 7 deles, como interessantes por suas temáticas polêmicas, com exceção do delicioso ‘Anora” e o épico Duna II.


Adaptado do romance homônimo do vencedor de dois prêmios Pulitzer, Colson Whitehead, 'Nickel Boys' faz um retrato cru da vida afro-americana nos anos 1960, mas é prejudicado exponencialmente por conta de seu visual muito, mas por demais particular que, por meio de cenas abstratas dilui uma história devastadora quebrando a conexão do público com ela e seus personagens, por mais boa vontade que se tenha.


E isso é uma pena porque as atuações são boas, a reconstituição de época primorosa e a sacada de misturar presente com futuro funciona para mostrar o que de fato e de terrível aconteceu naqueles dias, mas, de novo, as muitas tomadas repletas de subjetividade com o intuito de não expor a violência dos fatos, acabam afastando o público comum de um interesse que, se contado de forma diferente o resultado seria, certamente, muito mais impactante. Não, definitivamente não é um caso, uma história – o abominável reformatório prisão conhecido como Nickel), para ficar nas subjetividades por mais inovador que possa parecer.

Só o fato de quase nunca vermos os dois protagonistas juntos em um mesmo quadro, embora estejam conversando um com o outro faz com que as interações entre eles soem antinatural e mesmo quando a câmera alterna a perspectiva possibilitando-nos de ver o outro o interlocutor desaparece. Aliás, desaparecer é um artifício bastante usado pelo diretor que, embora compreendamos, outra vez a cena se torne fria e a experiencia sem sentido.


Assim, o que poderia muito bem ter sido uma obra-prima acaba se tornando “apenas” um filme bom, interessante, bem atuado e cheio de belas cenas, sim, mas desnecessariamente frio e distante quando uma abordagem mais convencional, teria propiciado experiência muito mais poderosa em nível emocional.

O diretor novato RaMell Ross, que também escreveu o roteiro por muito pouco não arruína seu filme com a escolha da estética que acaba picotando uma história importante, cortando, cortando, cortando para assuntos que tentam contextualizar um tempo, mas muito pouco somam como é o caso da corrida espacial visando mostrar a tecnologia da época em contraponto com a ignorância e bestialidade dentro da instituição em tempos onde aconteciam os movimentos pelos direitos civis – que recebem muitas imagens rápidas - bem como imagens modernas de exames cerebrais e corporais.



Com uma história tão poderosa e humanamente impactante, grande parte dessas emoções ficam a deriva na cabeça do público e é uma pena que a pretensiosa estética, por muito pouco, quase a invalide.

Mas o "entendidos" amaram, então quem sou eu para emitir opinião tão negativa?



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