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Foto do escritorCardoso Júnior

Treta – EUA – 2023

Atualizado: 19 de jan.



Após vencer todos os principais prêmios a que concorreu na temporada de premiações, incluindo Melhor Minissérie, Melhor Ator, Melhor Atriz, Atriz Coadjuvante e Melhor Roteiro, não há como não falar dela.

Composta de apenas 10 episódios, #Treta, que começa com um quase inocente “episódio” de trânsito, que poderia ser esquecido facilmente, consegue evoluir em intensidade dramática a cada episódio, expondo e trazendo a baila a questão da saúde mental que tem sido um verdadeiro algoz nos dias corridos de hoje.


Aqui, me absterei de tecer comentários sobre detalhes técnicos (Cenografia espetacular e trilha sonora também), centrando-me mais na proposta narrativa e interpretações visto que os primeiros são irretocáveis e é o desenvolvimento da premissa e da dimensão de todos os poucos personagens o verdadeiro foco dessa maravilha que está disponível e nos faz refletir sobre nós mesmos, o nosso mundo e nossos comportamentos.


O criador de Treta, Lee Sung Jin, com uma escrita muito robusta, aborda com sutileza e ótimo ritmo uma gama de assuntos tais como a desigualdade social nos Estados Unidos de Hoje, a questão dos imigrantes, o poder do dinheiro, muitas questões de família e relacionamentos, e as pressões sociais que todos nós, de uma forma ou de outra, estamos envolvidos construindo com máximo dinamismo um estude de personagens que seriam um prato cheio para qualquer psicólogo ou psiquiatra.

 

Como não quero e não darei spoilers, prepare-se para situações muito adultas, inusitadas, às vezes até bizarras, muitas reviravoltas recheadas de momentos hilários e bem tensos, sempre antecedendo o vivenciando o caos mantendo o pico de tensão sempre no ponto mais alto sem nunca o deixar baixar nem mesmo nas cenas mais, digamos, amenas. Sem apelar para violência gráfica #Treta, é um verdadeiro show de violência emocional que muita das vezes chega a sair do controle.


Com interpretações absurdamente contagiantes, dos protagonistas em seus embates - uma bomba de raiva armada e prestes a explodir a cada episódio-, essa produção da A24, que já fala por si só, ainda ousa mergulhar no passado de seus personagens em busca de explicações para as atitudes que vimos e, tudo isso num ritmo frenético, levando-nos a pensar que, guardadas as devidas proporções, não estaríamos isentos das mesmas reações e que o mundo está cheio delas.



Com um final belíssimo e inesperado e um mais que impressionante momento de empatia psicodélica, uma verdadeira transfusão de almas, jamais feito pelo cinema, #treta, com sua simplicidade e complexidade, já pode ser considerada uma minissérie antológica.




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