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Foto do escritorCardoso Júnior

Piedade – Brasil -2020


Esse é um daqueles casos no qual o roteiro quer falar sobre tantos assuntos ao mesmo tempo que acaba não falando de nada. Ok, ok que é algo na linha do cinema autoral de baixo orçamento, mas isso não impede que a pluralidade temática ajudada pela montagem errática e a trilha sem inspiração alguma transforme o todo em quase coisa nenhuma.

Os três núcleos com seus personagens que acabam por colidirem ou interagirem, numa cidade litorânea do Nordeste, transitam por tantos assuntos interessantes e atuais sem que haja aprofundamentos neles ou na estória.

Ok, ok mais uma vez. A profusão de alegorias (simbolismos, referencias), parecem ter a função de entregar essa profundidade, o mergulho dramático, na amplitude, mas quando parece que a está alcançando, um corte seco e brusco muda de cena ou núcleo deixando solta algumas boas ideias desprovidas de uma coesa linha condutora.

Ok, ok (de novo), temas como a destruição do meio ambiente, capitalismo frenético, ativismo juvenil, especulação imobiliária e dramas familiares sempre encontram eco ou promovem empatia no público, mas a inclusão de algumas cenas de sexo acabam por levar a obra para o terreno do supérfluo - apelativo sem acrescentar absolutamente nada à trama bem como outras cenas parecem totalmente avulsas ou desnecessárias.

O conhecido e recorrente problema de captação de som também está presente em algumas cenas onde o espectador chega a procurar por uma legenda para entender as falas e, a fotografia, assim como a trilha, é desbotada, sem vida e sem graça enquanto as corretas interpretações alcançam seu maior êxito na complexa personagem de Fernanda Montenegro e só.

Enfim, #Piedade, com seus estranhos enquadramentos de câmera, alegorias interessantes, mas nunca brilhantes, é um trabalho nitidamente com problemas maiores que as questões sociais apresentadas e que se conclui subitamente...como um tubarão que mordeu, mas não doeu.

Que pena!







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