Nem sempre um elenco estelar significa bom resultado fílmico da mesma forma que, um diretor respeitado, também não oferece garantia de trabalho apreciável, mas, geralmente, a junção desses dois elementos humanos resulta em algo interessante principalmente se acrescidos de roteiro bem desenvolvido sobre tema relevante.
E, felizmente, esse é o caso de #TheTrialoftheChicago7, que estreou ontem na plataforma da Netflix, outro longa do talentoso diretor e roteirista Aaron Sorkin (Oscar de Melhor Roteiro Adaptado por “A Rede Social”) e outros trabalhos que se infiltram nos escusos meandros dos jogos “políticos e de poder” em várias esferas sociais.
Utilizando como pano de fundo a obscena Guerra do Vietnã num recorte histórico que passa por Martin Luther King, Bob Kennedy e os Panteras Negras, o roteiro, baseado em fatos, centra a dinâmica ação no interior do tribunal onde o histórico julgamento dos 7 acusados ( pelo Governo dos EUA),de conspiração e incitação à revolta, proporcionam os melhores momentos do abjeto drama social e dos intrincados subterrâneos de um sistema judicial escandalosamente tendencioso.
A excelente condução da direção, ainda que mantenha o gênero “filme de tribunal”, recorre a flashbacks contextuais intercalados com registros documentais do período misturando fatos com ficção numa montagem muito coesa que não só abre espaço para que cada personagem / ator tenha grandes momentos em tela potencializados por potentes diálogos e embates sem que o pico de atenção e ritmo sejam minimamente prejudicados.
Tecnicamente irrepreensível, #Os7deChicago, é um trabalho verossímil, denso, repleto de energia e faíscas (amenizado pontualmente por pitadas cômicas), e que não teme traçar seu paralelo entre passado e presente buscando o impacto emocional que a universalidade dos temas que, cinquenta e dois anos depois ainda estão sob julgamentos manipulados e subjugados pela desfaçatez das opressões e interesses governamentais.
E se ‘o mundo inteiro está assistindo” vale cada instante de apreciação e reflexão.
TRAILER
Ps1: disponível na Netflix;
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