Pecadores- EUA – 2025
- Cardoso Júnior

- há 13 horas
- 2 min de leitura
Análise 1.793

Antes de mais nada é preciso (como em quase todos os filmes), estar familiarizado com os temas centrais e de interesse de seus diretores e roteiristas. A ausência desse conhecimento pode não só destruir um ótimo filme para o público como também o elevar aos píncaros e, dito isso, é sempre bom ressaltar o interesse do cineasta Ryan Coogler (Pantera Negra, Creed) em sempre abordar e decupar questões como a cultura negra dentro de sua estética muito peculiar e particular.

E isso fica absurdamente claro para o público já nas primeiras imagens do longa ao explicar rapidamente alguns aspectos dessa cultura com raízes africanas que já mostra por qual caminho essa genial estória pretende trilhar, mas não se enganem: O que começa com muita calmaria no primeiro ato, tomará dimensões gigantescas no segundo e não posso ou devo revelar mais nada. Só uma dica: Assim, como em Um Drink no Inferno (1996), a narrativa plácida inicial, saltará, transitoriamente, para um outro patamar absolutamente tão inesperado quanto riquíssimo em suas potentes metáforas, alegorias e... violência.

Durante o período da manhã e da tarde, o roteiro se incumbe de nos apresentar de forme bem calma ainda que tensa, os personagens que fazem parte dessa comunidade e suas histórias de vida com uma edição ágil e já apresentando cenas discretas de segregação e separação social entre as minorias, incluindo asiáticos e indígenas e o labor nos campos de algodão enfrentado pela comunidade negra nos anos 30.

À noite, durante o baile de inauguração, o filme se transforma em um thriller sobrenatural com boas pitadas de horror e amplia ao exponencial sua mensagem ao introduzir homens brancos em busca de destruir a cultura negra e usurparem, como verdadeiros colonizadores cruéis, toda uma identidade secular e uma cultura transmitida por séculos.

É bem difícil ir além sem dar spoilers e estragar a surpresa e ou a tensão do público, no entanto, enquanto uns oferecem alegria e festa, vem inevitavelmente o mal para se alimentar da riqueza cultural de um grupo de pessoas indefesas com brutalidade sanguinária.

Há uma cena memorável em Sinners muito, muito bem executada onde passado, presente e futuro se alinham na mesma linha de tempo explodindo alegria para, só então, o tesouro (a música e o ritmo), atrair a atenção dos abutres que, no filme, são outro tipo de criaturas que não nominarei para não estragar o todo.

Mas, afinal, quem são os pecadores? Magistralmente e sem ser explícito, roteiro e direção deixam claro que tudo aquilo que não é claro para o outro representa perigo e precisa ser destruído ou corrompido para se encaixar no pensamento da maioria dominante ainda que tal ação seja inócua uma vez que, as culturas, os costumes, tem vida própria e sobrevivem persistentemente rumo ao futuro.
Vale cada minuto de apreciação!

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