Oeste Outra Vez – Brasil – 2024
- Cardoso Júnior

- 13 de set.
- 2 min de leitura
Analise 1.763

Fazendo parte dos seis filmes que concorrem a uma vaga para a indicação do Brasil para Melhor Filme Internacional, este, com direção e roteiro de Erico Rassi, Oeste Outra Vez explora, dentro do universo do sertão goiano, o machismo violento, olhando para indivíduos que foram abandonados por suas mulheres e voltam-se contra seus novos parceiros criando uma sucessão de agressões, ameaças e até de assassinatos. A pequena e profunda trama foca em homens incapazes de lidar com a solidão buscando escapismos no consumo exagerado da cachaça, jogos de bares e amizades com outros homens que vivem a mesma situação para dissimularem o sofrimento e a amargura diária numa incansável e ressentida insistência para reconquistar, custe o que custar, a volta da mulher amada.

Para contar-nos essa estória, o diretor se vale de um elenco bem pequeno, essencialmente masculino, com ótimas interpretações, pouquíssimos e deliciosos diálogos, com muitos momentos de silêncios, durante uma fuga e perseguição de vida ou morte em meio a uma cenografia alternante entre belos planos abertos das chapadas e ambientes fechados com uma riquíssima produção de arte – mesmo retratando a pobreza – enquadramentos e iluminação primorosos acompanhados de trilha sonora mais que pertinente e montagem precisa.

O desenvolvimento é lento, quase monótono como a vida nessas paragens, e a melancolia se espalha e derrama por todo ele – mesmo nas cenas de tiroteios – compondo uma dinâmica bastante pertinente dentro de uma narrativa cirúrgica para uma estória de machismo dentro de uma sociedade onde a autoridade é exercida e controlada por homens que entendem o amor como domínio e posse, impulsionados que são por um ego que se alimenta de uma tradição secular de defesa da honra que não existe apenas no distante Goiás; Basta olhar as estatísticas e acompanhar os noticiários.

Embora não traga um desfecho a altura dos grandes westerns e tão pouco a solução do conflito - o que acaba por diluir um pouco a dramaticidade – Oeste Outra Vez é vida que segue seu curso por mais melancolia e resignação que a alimente.

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