top of page
logo.png
  • Foto do escritorCardoso Júnior

Mank – EUA - 2020


O novo filme do genial David Fincher para uma plataforma de streaming, aposta no gênero “filme sobre filme” focando na antiga e polêmica autoria do roteiro de Cidadão Kane, (propalado por muitos como o melhor filme da sétima arte) para fazer também alguns recortes sobre a política e a sociedade no período da Grande Depressão enquanto critica e elogia o mundo hollywoodiano nos anos 30/40.

Filmado e pós produzido com estética dos filmes da época, seja através do preto e branco com ênfase nos contrastes, buscando uma paleta similar ao filme de Orson Welles, inclusive nos planos e contra planos, a belíssima fotografia em tons firmes e marcantes, acompanhada pela inusitada trilha sonora composta com instrumentos da época, #Mank, com sua cenografia detalhada e impressionante, resulta num tributo a Hollywood tecnicamente e plasticamente deslumbrante.


O roteiro de Jack Fincher (pai do diretor), segue por uma narrativa nada linear mesclada de flashbacks sobre a vida de seu principal personagem, com falas em velocidade acelerada num verborrágico e frenético compilamento de informações em seus diálogos (inteligentíssimos), que dificulta muito a compreensão, o acompanhamento e a assimilação de um público que desconheça a obra retratada, a menos que seja profissional do cinema com pós graduação em história americana.


Ok que Gary Oldman dá um show e que Amanda Seyfried esteja no melhor momento da carreira e que Charles Dance brilhe como todo elenco de apoio deixando desde já, claro, a indicação dos dois primeiros na temporada de premiações, mas para quem desconhece as pessoas retratadas em tela, as subtramas são muito obscuras impedindo qualquer conexão emocional com elas, apagando o brilho de cenas visualmente perfeitas.

Para quem diga que o roteiro se conecta com o tempo atual, seja na questão das Fake News e ou traga visões políticas que retratem o embate entre democratas e republicanos incluindo discussões sobre o fascismo, comunismo e socialismo, hei de concordar, porém a ortodoxia do texto exclui o expectador comum, aposta numa visão pessoal sobre o “herói”, falhando no estudo de personagem e em causar emoções e impactos.

Assim, Mank, com sua genuína e belíssima textura, é um trabalho excludente - quando toda arte deveria ser inclusiva - configurando-se numa “jogada” arriscada para criar um seguimento artístico dentro da plataforma que já apresentou o magnífico “Roma” (2018), o razoável ‘o Irlandês” (2019), para conquistar e seduzir, em época lamentavelmente oportuna, uma Hollywood que a ignorava.

Vai que cola...



TRAILER




bottom of page