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Foto do escritorCardoso Júnior

Lee - Reino Unido – 2024

Analise 1.709



Existem filmes até em demasia sobre a Segunda Guerra mundial e, depois do genial Zona de Interesse que você pode ler clicando aqui, qualquer produção sobre o tema precisa de muita expertise no roteiro para que a história se torne minimamente interessante.

E, ao saber de um lançamento que se propõe a falar sobre a vida da primeira mulher correspondente de guerra que documentou através de suas centenas de importantes fotos os principais momentos do macabro evento, é claro que a curiosidade se aguça e se amplia ainda mais por ter Kate Winslet como protagonista se propondo a nos contar sobre a vida de uma mulher corajosa, pioneira que arriscou a vida para registrar para o mundo o que a grande maioria das pessoas não viam e, portanto, desconheciam compondo um acervo de documentos históricos memoráveis e reverenciados até os dias de hoje. Uau! Isso parece desconhecido, interessante e inovador, pensei.


Baseando-se no livro “The Lives of Lee Miller”, a diretora Ellen Kuras, estrutura sua visão partindo de uma na casa de uma já envelhecida Lee Miller – todos os méritos para a maquiagem - com um jornalista que vai avançando misturando presente e passado através das inúmeras fotografias espalhadas por toda a sala. Cada diálogo é convencional e repleto de frases feitas pra criar algum impacto que não acontece e cada foto é uma memória e plot para revisitá-la através de vários flashbacks. Nada original!


Iniciando pelo tempo que a biografada era modelo famosa em Paris e frequentava um círculo de artista famosos (que mais parece um enxerto cujo único valor aparente é a profusão de seios à mostra), evolui-se para a fase onde Lee se transforma em fotografa de guerra enfrentando uma série de preconceitos de gênero - facilmente superados – que é, sem dúvida, uma nota interessante, mas que pouco acrescenta ao estudo mais profundo da personagem.


Ao longo de quase duas horas de duração, acompanhamos Lee (e o repórter) através dos roteiristas que tentam abordar tantos assuntos que acabam perdendo a contundência que alguns deles certamente deveriam ter como os fugazes momentos que a fotografa captura momentos das vítimas da guerra e, ainda assim, a realidade dessas poderosas cenas nunca atingem o impacto que deveriam ter muito por conta da montagem com cortes abruptos e a busca infrutífera e óbvia para produzir sentimentos no espectador.

Quanto ao renomado elenco de apoio, todos, sem exceção, se transformam em personagens insignificantes no contexto e fica nítido que só estão lá porque participaram de alguma forma da vida de Lee e os roteiristas acharam que deveriam estar. Nem mesmo a personagem da grande Marion Cotillard consegue ser bem finalizada ou justificada.

Quanto a Kate Winslet que carrega nas costas sua personagem está ótima, mas seu talento não é surpresa alguma, já que o filme é feito por ela e para ela brilhar e justificar sua indicação na temporada de premiações.

 

No mais, ao se fazer uma biopic, um público mais acostumado com o verdadeiro cinema, espera que o roteiro se afaste do óbvio fazendo jus a vida e a obra do biografado e não apenas contar uma história básica e estereotipada que apenas segue uma sequência de eventos (como manda o manual das biografias básicas), mas há que se louvar a reconstituição de época, figurinos e fotografia e o fato de trazer o nome Lee Miller para quem nunca o ouviu ainda que, quem ela era realmente, fica transcendentemente na superfície e fora de foco.




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