Homem com H – Brasil – 2025

Analise 1.749

Achei muito válida a ideia de homenagear através, de uma cine bio um dos maiores artistas brasileiros contemporâneos ainda que seja inevitável condensar mais de seis décadas de vida e obra em apenas duas horas de projeção, o que, a meu ver e gosto pessoal, reduz em muito a grandiosidade de um mito.

E, essa é uma das grandes armadilhas do cinema dentro desse gênero que raríssimos roteiristas e diretores conseguiram driblar: a inevitável e incontornável superficialidade de uma trajetória que sempre enseja mais e mais.

Isto posto, Homem com H, para quem acompanhou a história do mito e para quem a desconhece, a montagem eficaz intercalando vida comum e apresentações artísticas é muito bem costurada sempre com a linha das emoções enquanto, sabiamente, escapa da cilada de se tornar mais um filme sobre a ditadura (embora o assunto seja pincelado na dose exata escapando do panfletário), sem deixar de refletir não só dramáticas realidades pessoais, locais e mundiais sempre muito bem pontuadas pela edição sonora e uma direção criativa na maioria das vezes muito assertiva e ilustrativa.

Jesuíta Barbosa irradia através do olhar uma gama infinita de emoções e explosões que captam, retratam e configuram o biografado seja na vida cotidiana, na exuberância dos palcos ou mesmo na liberdade visual das várias cenas de sexo que buscam expressar uma liberdade emocional dificilmente retratadas no cinema nacional.

Ok que o recorte da vida do artista possa soar apressada em alguns momentos – principalmente no final e alguns personagens aparecem e somem sem dizer a que vieram – mas a investigação psicológica sobre o homem atrás das máscaras, sua força e determinação inabalável formatam a poesia animalesca de um bicho (ele mesmo se define assim), que reconfigurou a expressão artística de uma época.

Não é filme a altura do artista, mas entretêm na medida certa.