A “continuação” de “Entre Facas e Segredos”, grande sucesso de bilheteria de 2019, mantem a mesma estrutura da obra original haja vista intenção de transformá-la rapidamente em mais uma outra, nova franquia. Ok, faz parte do mundo capitalista...
Não obstante, como no primeiro, o público encontrará dentro do roteiro uma trama complexa e bem elaborada, repleta de surpresas que dependem do
ponto de vista de quem assiste e que se revertem pondo por terra o que achávamos ser até então montando um caleidoscópio dramático bastante satisfatório.
Por certo um elenco estratosférico e numeroso (alguns com rapidíssimas aparições), personagens estereotipados, muitos e bem medidos exageros num ambiente de confinamento gigantesco onde todos tem um motivo para ser o assassino.
Embora não traga nada de muito novo em comparação ao trabalho de 2019 – com exceção de um maior aprofundamento na figura do detetive - há que se admitir o primor da montagem (principalmente a inicial), o designer de produção original, inteligente e requintado como os figurinos que definem a personalidade das personas, um ótimo desenho de som e muitas falas e diálogos inteligentes que parecem nada significar para depois ressurgirem repletos de sentidos.
Com certeza a atualíssima crítica social está presente (e há quem vai amar só por isso), nas personalidades dos envolvidos que retratam não só o estilo de vida dos super ricos bem como os associam a figuras populares da contemporaneidade, tudo isso muito bem pontilhado com doses acertadas de humor ácido.
Por fim, #GlassOnionAKnivesOutMystery, se auto define através da aparente inocente explicação do famoso violoncelista, Yo-Yo Ma, numa rápida aparição, onde ele diz: “A fuga é um belo enigma musical com base em uma única melodia; quando você sobrepõe essa melodia a si mesma, ela começa a mudar e vira uma nova e bela estrutura”.
E, essa estrutura não funciona tão bem quanto a primeira, mas gera um entretenimento de alta qualidade.
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