Foi Apenas Um Acidente – França – 2025

Analise 1.787

O vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2025 e também o representante da França no Oscar 2026, é mais uma produção do respeitadíssimo diretor e roteirista iraniano, Jafar Panahi que, mesmo depois de preso e proibido pelo regime iraniano de trabalhar e filmar tem a ousadia de filmar no Irã com o objetivo de levar ao mundo as injustiças do regime e divulgar o sistema repressor ainda  vigente.

Foi Apenas um Acidente parte sim de um pequeno acidente em uma estrada deserta que leva a descoberta de um membro que torturou sadicamente e por meses um grupo de pessoas comuns e que acaba sequestrado por uma das vítimas com o intuito de mata-lo e obter assim sua vingança/ justiça pelas sequelas físicas e psicológicas que o atormentam desde então.

Na tensa sequência, o algoz jura não ser a pessoa em questão o que deixa o sequestrador em dúvida e o faz procurar pela cidade de Teerã, outras vítimas que possam validar a identidade do carrasco para que a execução seja legitimada. Simples assim.

No entanto, ao conseguir contatar e juntar essas pessoas e mostrar o homem amarrado dentro de sua vã, a situação se complica, pois nenhum pode identifica-lo pelo fato de estarem durante todos os meses de tortura com os olhos vendados. O único ponto de reconhecimento é o barulho que faz sua prótese na perna ranger, mas isso não é o suficiente para determinar uma execução, trazendo à tona questões como traumas, vinganças, moral e ética.

 Com esse plot muito simples o genial diretor constrói um thriller repleto de tensões, de incertezas onde vai misturando algumas situações interessantíssimas de   elementos farsescos e referencias sutis, dentro da trama que se desenrola apenas durante um dia e uma noite, mas que, levanta reflexões seríssimas sobre vingança e perdão e se é possível quebrar o ciclo da violência.

O roteiro mantém seu centro dramático no embate entre os personagens que discutem e argumentam sobre a absolvição ou execução e, é aí, que vai se tornando algo repetitivo e até bem perto do cansativo ouvindo as mesmas alegações varias vezes até que, já próximo ao final, surge uma situação (não vou dar spoiler) inverossímil na qual os personagens se envolvem e fica difícil aceitar que, dentro do conflito que já estavam tenham cabeça e disposição para participarem dela.

Independente dessa exigência de pedir ao público uma suspensão de descrença, a obra é composta com muitos planos longos, enquadramentos amplos e uma trilha sonora que intensifica as tensões resultando em boas atuações do elenco, sem mencionar a cena final com seu espetacular plano sequência que insere o espectador em um aterrador embate de emoções ainda que seja bastante discutível o fato de alguns personagens optarem por decisões totalmente opostas a trajetória que tiveram durante todo o desenvolvimento.

PS: Ainda acho que: “Causa da Morte: Desconhecida”, que pode ser lido aqui bastante superior.

TRAILER