Causa da Morte: Desconhecida – Irã – 2024
- Cardoso Júnior

- 9 de out.
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de out.
Analise 1.770

O indicado pelo Irã para concorrer a uma vaga de Melhor Filme Internacional no Oscar 2026, é um mais que respeitável drama cercado de mistério que, inteligentemente, faz seu discurso moral, político e ético de forma sutil, mas palpável prendendo-nos na tela de forma inexorável do início até o magnífico, inesperado e impactante final.

Cinema, sempre insisto nisso, é a arte de contar uma boa estória e conta-la tão bem que nos coloca dentro dela bulindo com todas as nossas emoções espelhadas nas situações vividas por seus personagens. Se o roteiro consegue fazer essa simbiose de nos transportar emocionalmente para dentro da narrativa provocando em nós inúmeros questionamentos do tipo: O que eu faria no lugar dessa pessoa; eis o verdadeiro cinema, o mais são só detalhes técnicos que podem abrilhantar ou diminuir a obra.

Isto posto, Causa da Morte: Desconhecida, é de um primor cinematográfico que entra para a galeria dos filmes que sempre lembraremos, ainda que a aposta na simplicidade feita pelo diretor e roteirista, Ali Zarnegar, nunca exclua um complexo estudo dos seres humanos, de suas ações e decisões quando confrontados com a perspectiva da autopreservação enquanto indivíduos ou sociedade.

A premissa é simples e intrigante: Sete passageiros estão em uma velha van em meio a uma estrada empoeirada viajando de uma cidade para outra em meio ao deserto, com comunicação precária até que uma tragédia acontece criando uma relação muito próxima e muito tensa entre passageiros até então desconhecidos ampliadas por uma série de obstáculos e percalços ao longo do caminho, configurando-se em um drama trágico que atiça e faz explodir a empatia do espectador. Irremediavelmente.

Sem que consigamos prever nenhuma sequencia já que roteiro e diretor escapam dos clichês de um thriller de mistério e com ritmo mais que pertinente as situações, trilha sonora espetacular e com muitos diálogos, onde o elenco brilha em atuações sutis e minimalistas que nos permitem refletir sobre dilemas éticos enquanto viajamos com uma fotografia atmosfericamente sinistra – ampliada pelos enquadramentos certeiros- em meio a visuais marcantes.

E, para encerrar, como se não bastasse, é cinema em essência, onde a obra, sem panfletagem, ainda reflete as lutas cotidianas dos cidadãos iranianos mostrando para o mundo as realidades da vida social no Irã, no Oriente Médio e como nos comportamos diante das incertezas da vida.
É teatro na veia! Ainda que em céu aberto...

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