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  • Foto do escritorCardoso Júnior

Eu Estou Pensando em Acabar com Tudo – EUA- 2020



A produção da Netflix, baseada no livro homônimo, dirigida e roteirizada por Charlie Kaufman, é um somatório de seus trabalhos anteriores e, portanto, é sempre bom conhece-los para, na melhor das hipóteses, saber se esse é o tipo de cinema que te agrada antes de se aventurar na sua mais “confusa” e última produção.

Então, se você curtiu o roteiro de “Quero ser John Malkovich” (pra citar só um), e o plot onde tudo se passa dentro da...., pois é, lá mesmo, há muitas chances de você gostar do gênero onde o narrativo é um labirinto e acompanhar sem muitos espantos o lento desenvolvimento deste que, ainda, apresenta apenas quatro cenários, quatro personagens principais e muito diálogos quase incessantes.

Não li o livro em questão e, penso, que nenhum filme deveria necessariamente exigir isso dos expectadores para que entendam a adaptação, mas fato é que a natureza simbólica, repleta de metáforas sobre um dia corriqueiro de um casal durante uma viagem foi me prendendo também pelo enquadramento “quadrado”, a metalinguagem que logo salta aos olhos e a lenta formatação do thriller psicológico a partir da interiorização da protagonista, a ótima Jessie Buckley (Chernobyl), e da utilização da memória como linha surrealista e condutora da trama.

Por certo, essas questões sobre identidade e relações humanas não são facilmente perceptíveis durante o desenrolar do roteiro, mas só após o término e depois de algumas ou muitas reflexões uma vez que, ligados no desenvolvimento, ficamos como indefesos observadores de um grande jogo entre dúvidas versus suposições. E que jogo!


Tecnicamente, a primorosa montagem, os cortes abruptos, o trabalho de câmera alternando entre zooms in e out, e a fotografia intimista, vão provocando grande incômodo (o mesmo de “Anomalisa”), enquanto vamos percebendo o fantástico duelo entre fantasia, teatro e vida real que fazem parte do quebra-cabeças montado por Kaufman com direito a um show de direção de arte, maquiagem e adereços.


Assim, #ImThinkingofEndingThings, que certamente aparecerá na temporada de premiações, é um trabalho que levanta temas interartes e arrebanha muitas questões e que se encerra deixando enormidade de perguntas na mente do espectador que poderá tanto amá-lo quanto detestá-lo.





TRAILER



Ps: Disponível na plataforma.

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