top of page
logo.png
Foto do escritorCardoso Júnior

Cachorro Preto – China - 2024

Analise 1.722

Black Dog foi o mais que merecido vencedor do Un Certain Regard em Cannes (prêmio para filme mais inovador do festival) e sua estrela canina também levou o cobiçado Palm Dog (prêmio para a melhor atuação canina no festival, e eu estava de olho nele há algum tempo ansioso pra conhecer um trabalho com um prêmio tão importante.

A verdade é que o diretor chinês Guan Hu, construiu uma obra prima emocionante filmada quase que inteiramente no Deserto de Gobi, para tecer sua estória passada numa cidade empoeirada e quase em escombros onde a população canina de rua cresceu exponencialmente e até perigosamente numa China implementando todos os tipos de melhorias às vésperas das Olimpíadas de Pequim em 2008.


Em um país onde os cães não são vistos como animais de estimação e sim produtos descartáveis, um esquadrão é montado para capturar esses animais e, aí, entra nosso protagonista que, recém saído da prisão por um crime de homicídio culposo e não é bem recebido na cidade e se vê obrigado a trabalhar nesse esquadrão.  


Assim ele conhece um raivoso e musculoso mestiço de galgo, um animal ferido, caçado e desprezado como ele e uma conexão simbiótica – muito e bem lentamente - vai se estabelecendo entre eles, fazendo que tanto o humano quanto o animal- duas almas solitárias - vão restabelecendo seus sensos de identidade e, até que criam um relacionamento mais que tocante.


Roteiro e direção estabelecem uma narrativa que beira o surreal com Eclipses solares, terremoto, centenas de cobras venenosas a solta e animais selvagens andando livremente pelas ruelas da cidade e até um circo e sim, isso tudo interligado como muitas metáforas na jornada de descoberta dessas duas almas e também do povo chinês.

Assim sendo, Black Dog configura-se em um épico que proporciona uma experiência fílmica inesperada e impressionante que nunca vai para uma linha hollywoodiana e com uma cinematografia única onde tudo é desértico, árido, gigantesco e abismal e a direção aproveita sempre dos planos abertos para retratar e captar o gigantismo da locação.


Ok que quase no final uma nota bizarra pode fazer com que o público se desconecte, mas só por uns instantes, pois a vida segue e se renova em ciclos trazendo novas relações para todos os caminhantes.

Não tem como não se encantar com o trabalho canino!



TRAILER



Comments


bottom of page