Confinados - Índia – 2025
- Cardoso Júnior

- há 2 dias
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Atualizado: há 1 dia
Análise nº 1.798

Raríssimos são os filmes indianos independentes que conseguem chegar ao Festival de Cannes. Ano passado, Tudo o que Imaginamos como Luz venceu o Grande Prêmio do Júri (Analise 1.734) e, esse ano, com pouco destaque pela mídia, o belíssimo Confinados que não só competiu em Cannes como representa a Índia no Oscar 2026 conseguindo a façanha de entrar para os 15 Melhores filmes de 2025.

Dirigido por Neeraj Ghaywan, essa história real tem um roteiro que explora e revela para nós as desigualdades étnicas, de classes e de castas ainda existente em uma índia que, ainda nos dias de hoje, tem a base de sua sociedade corrompidas e apodrecidas com diversos preconceitos arraigados. Além de ser uma obra contundente e poética sobre a força da amizade, do sacrifício e do amor verdadeiro e afeto profundo entre dois jovens ainda que não sexualizado.

Com um roteiro direto e descritivo Homebound parte do inconformismo e do otimismo de dois pós adolescentes e seus sonhos de buscarem uma vida melhor para conseguirem mudar a triste e miserável realidade de seus protagonistas e de suas famílias livrando-as de tantos abusos, discriminações e opressões por serem pessoas que sobrevivem alimentando-se de migalhas lançadas pela sociedade. Sim, eis um trabalho profundamente denunciatório, porém nada panfletário ou violento fisicamente.

Se você prefere filmes de ação poderá achar maçante a primeira parte da obra enquanto o diretor estabelece o cenário e desenha suas personagens, mas a segunda parte, onde os fragmentos da narrativa se coligam faz com que o ritmo se intensifique e o filme tome uma direção tão impactante que, ao chegar a seu clímax, é impossível que o público não esteja profundamente abalado e comovido.

Com uma cinematografia impressionante que capta a realidade: locações, pessoas, situações, emoções, todas muito verossímeis, o diretor se nos apresenta um filme centrado nas realidades da vida rural na índia e as amplifica quando nos mostra o impacto da COVID-19 nessas comunidades amplificando as discriminações e preconceitos acentuando as desumanidades oferecendo-nos um quadro que, nós ocidentais, jamais poderíamos sequer imaginar ter ocorrido.

Com atuações mais que memoráveis, principalmente dos dois jovens protagonistas, acompanhar a jornada deles se torna um exercício de beleza extrema e durezas indizíveis apenas suplantadas pela resiliência de ambos motivadas pela frágil esperança, mas fortificadas por um amor fraterno que nos emociona até as lágrimas.

Confinados se apresenta como um trabalho pioneiro ao mesclar o pragmático com o poético tornando-se um drama social cuja a sinceridade afasta o melodrama configurando-se em uma experiencia emocional que permanecerá com você muito tempo depois dos créditos subirem.

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