O representante do Canadá no Oscar de 2020, dirigido e roteirizado por Sophie Deraspe, é uma vaga adaptação e transposição da tragédia grega de mesmo nome para tempos modernos buscando focar, dentro de uma família de imigrantes, temas como a difícil adaptação de residentes estrangeiros que sofrem da falta de oportunidades de trabalho, violência policial, injustiças e intolerância por parte do opressor sistema legal canadense.
Ainda que se tenha pouco ou nenhum conhecimento sobre a obra original, o dinâmico e inteligente roteiro conta com a impressionante performance da “adolescente” Nahéma Ricci, numa interpretação de deixar atrizes experientes de boca aberta, o que nos faz não só ficar atados a todo desenvolvimento de sua tragédia familiar bem como sentir seus medos e angústias digladiando com suas certezas e resiliência.
A produção, nitidamente de baixo orçamento, mantém os nomes da obra clássica, insere arquétipos na narratologia misturando com a estética moderna das oportunas gravações feitas para compartilhamento nas redes sociais enquanto a trilha sonora alterna entre batidas atuais e músicas regionalistas tradicionais atando conceitos contemporâneos a ancestralidade familiar em meio a um elenco de apoio basicamente muito jovem.
Assim, #Antígone, com suas reviravoltas na trama central e nos desdobramentos, mantêm-se dentro do gênero tragédia, usando do artifício do romance juvenil apenas como trampolim para a resistência online, propiciando reflexões e abrindo um necessário debate sobre a questão imigratória hoje, assunto de interesse mundial.
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