Indicado ao Oscar 2021 na categoria melhor documentário em curta-metragem e inteiramente gravado no Iêmen (oriente médio), #HungerWard, outra estupenda realização do humanista diretor dinamarquês indicado duas vezes ao Oscar, Skye Fitzgerald, é de doer nas mais profundas entranhas da alma de quem a tem.
Focado numa médica e numa enfermeira que dedicam suas penosas vidas a ajudarem crianças vitimas de desnutrição severa em um país devastado pela guerra cuja a população vive de maneira primitiva, sem educação, água e saúde, apresenta-nos em seus 40 minutos uma perspectiva deplorável e incompreensível em pleno século XXI, com o intuito de chocar-nos com uma amarga realidade capturada e levada a tela sem medo de rápidos close-ups.
Abrindo o leque das imagens com nítido objetivo de contextualizar, o diretor documenta em planos aéreos e abertos um cenário de prédios destruídos, escolas arruinadas incluindo um registro feito por celular de um autêntico ataque de míssil contra uma população civil cortando para as encapuçadas mulheres iemenitas vivenciando as dilacerantes dores das perdas.
Não, não tem nada fácil de ver em Hunger Ward que tem a coragem de denunciar com seus créditos finais os responsáveis pela barbárie como o hediondo bloqueio de alimentos e remédios impetrado pela Arábia Saudita, apoiada por países europeus e os Estados Unidos da América configurando num verdadeiro filme de terror composto de realidades onde a política de interesses exerce o que há de pior no planeta terra.
Felizmente, para o espetador ainda em choque, o roteiro fecha com uma possibilidade concreta de participarmos de forma positiva diminuindo a fome de centenas de crianças abrindo um caminho além da sensação de impotência para a concretude de não silenciarmos sobre esse crime contra a humanidade.
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