Blue Moon - Música e Solidão – EUA – 2025

Análise 1.792

O diretor e escritor americano, Richard Linklater, é um cineasta apaixonado pelas questões do tempo, no presente, passado, futuro e, principalmente, no tempo que passa com seus encontros, desencontros e aprendizagens. Seus filmes são uma verdadeira viagem que analisam os seres humanos à mercê desse rio que corre implacavelmente devorando tudo enquanto marca a passagem da vida e a finitude dos sentimentos.

Em Blue Moon, ele condensa o tempo e o espaço em uma única noite, em 1.943, para fazer um retrato muito intimista do famoso letrista, Lorenz Hart, no auge de sua decadência falando-nos sobre talento, reconhecimento, alcoolismo, decrepitude e solidão justo em um tempo que marca a transformação de uma era grandiosa dos musicais.

Situando todas as ações dentro de um bar onde o protagonista vivido por um magistral Ethan Hawke – no maior e desafiador papel de toda sua grande carreira- em uma mise-en-scène absolutamente teatral com poucos personagens, muitos monólogos espetaculares e alguns diálogos de um artista outrora brilhante onde a inteligência se tornou patética.

A genial câmera de Linklater trabalha com enquadramentos que transformam o protagonista em um homem franzino ampliando essa impressão através da fotografia, iluminação e figurinos criando uma atmosfera de nostalgia – ainda que haja momentos de humor irônico - que atinge o público em cheio condoído com o artista a beira de sua própria ruína ainda que agarrado em sonhos e esperanças.

Esse brilhante estudo de personagem poderia ser tedioso se o diretor não administrasse tão espetacularmente a parte técnica (enquadramentos, luzes, mixagem, edição e trilha sonora) fazendo com que haja dinâmica e movimento dentro de um único cenário e, claro, a atuação magnética e espetacular de    Ethan Hawke – repito – com ótimo suporte de Andrew Sccott, Margaret Qualley e Bobby Cannavale que fazem com que tenhamos a impressão de que tudo, absolutamente tudo, transcorra em tempo real.

Eis um grande filme de um grande diretor juntamente com um ator gigantesco que tem que ser apreciado pelos verdadeiros amantes da Sétima Arte.

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