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  • Foto do escritorCardoso Júnior

Matthias e Maxime – Canadá- 2019.

Atualizado: 10 de ago. de 2020


É praticamente impossível um cinéfilo não conhecer a polêmica e premiadíssima filmografia do inicialmente “Enfant terrible” do cinema, Xavier Dolan, hoje, no auge de seus trinta anos e, em seu oitavo filme.

Tendo novamente brilhado no Festival de Cannes concorrendo à Palma de Ouro (onde já venceu duas vezes o Grande Prêmio do Júri), Dolan apresenta #MatthiasetMaxime para nos contar, do seu jeito, uma estória menos subversiva e mais intimista sobre as consequências de um beijo de brincadeira trocado entre dois amigos que reativa uma combustiva gama de tensões em franca ebulição.

Não, desta vez ele não trabalha perspectivas de descobertas sexuais preferindo criar um potente drama amoroso que nunca chega as vias de fato, fazendo interessantíssimo e discreto estudo sobre o universo das a amizades masculinas através de um grupo de muitos amigos (e amigas), durante as férias de certo verão que modificará a todos.

Mantendo-se muito fiel ao seu estilo narrativo, as combustões surgem da profusão de diálogos e debates (alguns pontiagudos) dos personagens levando-nos por caminhos onde o desconforto situacional gera carga emocional elevada mesmo em trama pequena, mas não menos imersiva e impactante onde o terreno dos sentimentos e o do não dito adentra com muita força a seara das realidades sem desdenhar de uma paleta de ternuras incomensurável.

Com sua conhecida inquietude de câmera e graciosos closes, o diretor aposta na fotografia em tons de vermelho, azul e amarelo que acompanham o ritmo da bem equalizada trilha sonora e sua característica edição abruta em cortes para o preto que possibilitam marcar a passagem do tempo com placas que dividem os estágios, Dolan não seria Dolan se não trouxesse à baila a questão do eterno conflito entre mães e filhos num arco dramático e pertinente dentro do contexto.

Há muito mais a ser salientado nessa obra de 120 minutos além da brilhante e muitas vezes comovente interpretação do ator Dolan dentro de sua romanização sobre a tensa ambiguidade dos desejos retidos por conta de preconceitos em conflito em um cenário altamente sensual que vaza a tela em sonidos multicoloridos, sorrisos, embaraços e piscadelas.

Aqui, para amantes do cineasta canadense, fica óbvio sua maturidade autoral (depois do grande engano: ("A Morte e a Vida de John P. Donovan"), e seu mergulho no minimalismo introspectivo onde, a despeito da sociedade moderna e repressora, as amizades e o afeto triunfam discretamente sobre preconceitos.

Vale muito, muito conhecer, mas só para quem está familiarizado com essa brilhante trajetória artística sob os auspícios e holofotes da sétima arte.

PS1: Disponível em VOD

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