Cinema e literatura são duas artes que andam de mãos dadas e, fica quase impossível falar de uma sem conhecimento da outra. #OPintassilgo, livro vencedor do cobiçadíssimo premio Pulitzer (trabalhos de excelência no jornalismo, literatura e musica), atrai de imediato amantes dessas duas poderosas artes mas, neste caso, infelizmente, a primeira não consegue captar ou transmitir com precisão a carga dos poderosos sentimentos da segunda.
Dirigido por John Crowley (“Brooklyn”- analisado em 19-12-15), essa adaptação para as telonas produzida pelo Amazon Studios, condensa as 723 páginas do romance em 150 minutos, destituindo a jornada de amadurecimento pós-trauma dos vínculos emocionais do protagonista, facilmente encontrados nas ricas linhas do best-seller. No entanto, vale destacar o apuro técnico do tratamento estético da película e das elegantes interpretações de Ansel Elgort, Nicole Kidman, Sarah Paulson e elenco de apoio. A refinada e acertada fotografia usa da luz e enquadramentos para aproximar-se de uma pintura exposta em um museu contudo, a boa edição e trilha sonora, não acrescentam a evocação e devido peso ao fator solidão (do protagonista e demais personagens),fazendo com que a necessária empatia para com eles fique seriamente comprometida enfraquecendo a ampliação dramática tão importante na estória.
Infelizmente, o roteiro fragmentado entre o passado e o futuro, -nenhum dos tempos tem desenvolvimento aprofundado-, passa por inúmeras relações interpessoais interessantíssimas, mas sem tocar-lhes o âmago, apenas alcançando tal intento na relação de amizade juvenil entre Oakes Fegley do ótimo (“Sem Fôlego” comentado em 12-01-18) e Finn Wolfhard (It - A Coisa- análise nº 1.115) .
Assim, #TheGoldfinch, perde a grande oportunidade de se consagrar como legítima obra de arte restringindo-se a uma delicada e bonita restauração carente da grandiosidade dos contornos humanos nela inserida.
Mas se você não conhece o livro, vale contemplar sim!
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