Uma Batalha Após a Outra - EUA - 2025
- Cardoso Júnior

- há 6 dias
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Analise 1.783

Uma Batalha Após a Outra já inicia com ritmo frenético com o objetivo de estabelecer o caos não só em tela como na mente do espectador com sua sucessão de tensas cenas de ação misturando luta política com um resgate, intercalando elipses temporais com vários núcleos que acabam se conectando.

O famoso diretor e roteirista, Paul Thomas Anderson, indicado onze vezes ao Oscar, (mas que não está nem perto da minha lista de realizadores preferidos) faz um filme com ares dos anos setenta revigorado com temáticas contemporâneas como: facções extremistas, sociedades secretas ressurgindo como fomento ao autoritarismo e a segregação de raças ainda que também seja um filme de ação e comédia dramática formatando uma mistura de tons que poderia dar muito errado, mas o experiente diretor consegue estabelecer o equilíbrio narrativo fazendo não só que funcione, mas também que leve a sua assinatura.

Quanto às performances de um grande elenco, eles transitam - Nem sempre em um ritmo acertado - entre o exacerbado e o contido a exemplo de DiCaprio que as vezes perde a mão de seu personagem caindo no caricato ainda que muito carismático, enquanto Sean Penn descamba para o satírico e, se, Benicio del Toro tivesse mais tempo de tela, iria levar seu tom zombeteiro pelo caminho.

Tecnicamente, a produção é hiper bem feita. A fotografia trabalha em composições que se adequam com o caos narrativo através dos planos abertos em estradas utilizando cores naturais e uma iluminação que pontua os momentos mais dramáticos enquanto a vigorosa trilha funciona como personagem criando momentos de tensão ou brinca nos momentos de humor dentro da cinematografia em 35 mm que amplia a narrativa em constante aceleração.

No entanto, o roteiro, com suas quase duas horas e quarenta minutos, peca ao permitir que o humor transcenda por demais o drama proposto no início e a grave premissa política salta para segundo plano escapando do melodrama sim, mas também fugindo de uma amarração temática importantíssima perdendo a oportunidade de aprofundamento nos temas e personagens trazendo mais consistência para a trama.

E, para terminar, não poderia deixar de citar a emblemática cena de perseguição dos carros que foge totalmente dos padrões hollywoodianos ao trabalhar com a perspectiva deixando o espectador tonto como de estivesse numa montanha russa. Genial.
Por fim, se compararmos os trabalhos anteriores do PTA, fica claro que os personagens de agora perderam o a profundidade existencial dos anteriores, no entanto e, ainda assim, a ousadia de dosar drama com sátira resulta em obra positiva na medida da instauração do caos como objeto performático e, se durante o percurso aconteceram alguns escorregões, ao fim e ao cabo ele caiu sim, mas levantou com a dignidade intacta.

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