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  • Foto do escritorFábio Ruiz

O Rei Leão – EUA – 2019

Atualizado: 22 de ago. de 2020


Impressiona a cena inicial de O Rei Leão, a animação do desenho de mil novecentos e noventa e quatro, pela imponência, pela música O Ciclo da Vida, e pela fidedignidade, variando pouquíssimo do original, até o título do filme. Entretanto, já é possível observar o desvio estético, com o esmaecimento das cores, e a redução da expressividade das personagens, vide Simba filhote observando seus súditos elevado pelo babuíno Rafiki, que é mais eloquente no desenho apesar da menor definição.


Do título em diante, é uma sequência de mais erros do que de acertos, que decepcionam a plateia ansiosa pela adaptação de um dos filmes mais significativos da Disney. O roteiro é basicamente o mesmo, com pouquíssimas alterações. Há diversos equívocos na seleção do elenco que desapontam. O retorno de James Earl Jones como Mufasa, por um lado vincula as duas obras, com talento e saudosismo, por outro cria expectativas em relação às demais personagens, que, na maioria das vezes, não são atendidas. Entre os desacertos, Chiwetel Ejiofor destrói Scar. Além de não conceder a submissão traiçoeira, a ardileza pegajosa, e o charme, que Jeremy Irons com perfeição imprimiu à personagem, opera mais na força de sua voz, quase sem inflexões, e na imponência, característica essa de seu irmão Mufasa, desapoderando a dramaturgia de tensões e dicotomias. Tom Hiddelston seria a escalação ideal para a personagem. O trio de hienas, que no original é interpretado pelos demais hilários Whoopi Goldberg, a Shenzi, Jim Cummings, o Ed, e Cheech Marin, o Banzai, são substituídos pelos fracos Florence Kasumba, Eric André, e J. Lee, esmaecendo muito a vilania jocosa do primeiro. Donald Glover e Beyoncé não possuem a química observada em Matthew Broderick e Moira Kelly, e parecem interpretarem sozinhos. Entre os acertos, o gol de placa é Billy Eichner como Timon que, junto com Seth Rogen, o Pumba, salva o filme de um total desastre, e Alfre Woodard como Sarabi, mãe de Simba.


A direção de Jon Favreau surpreende, pois não repete a excelência de Jungle Book, talvez por buscar reproduzir planos, sequências, aproximações e desfoques do desenho, e abre mão da estética fantástica, vide os tons verdes nas cenas de Scar no desenho, por uma mais realista que esvazia o produto, pois trata-se de uma fábula, com animais falando, e fugir do realismo parece natural. A fotografia apesar da alta qualidade, recai na premissa da direção e esmaece muito as imagens. As novas canções são sofríveis perto das do precursor, e a ginga atribuída às antigas também não funciona, até Hans Zimmer não é feliz ao revisitar sua música original. A edição é ótima.


#TheLionKing sofre de critérios e premissas equivocados. Um filme de animação exige bons atores e com experiência para conceder autenticidade à fantasia, e há de se priorizar competências a “políticas corretas” que se provaram ineficazes e ineficientes em #OReiLeao. Aplausos de pé para Billy Eichner. Assista, se saudoso.

TRAILER

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