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  • Foto do escritorFábio Ruiz

Olhos Que Condenam – EUA – 2019

Atualizado: 8 de ago. de 2020


Baseado nos fatos reais dos “Cinco do Central Park”, a minissérie em quatro capítulos de Ava DuVernay, é um soco na boca-do-estômago, que lança luzes sobre as polícia e justiça de Nova Iorque, que em mil novecentos e oitenta e nove, prendeu e condenou injustamente cinco jovens, entre catorze e dezesseis anos, entre negros e latino-americanos, católicos e mulçumanos, à cadeia por estupro, tentativa de assassinato, entre outras acusações, que cumpriram penas entre seis e catorze anos em penitenciárias do estado.

O roteiro de Ava, Julian Breece, Robin Swicord, Attica Locke e Michael Starrbury segmenta essa história em quatro episódios que abordam diferentes questões. O primeiro aborda o dia do estupro no Central Park e as longas horas de interrogatório pela polícia, sem supervisão parental ou o acompanhamento de um advogado, que expõe as ações do departamento de polícia, especialmente de uma detetive, Linda, que, baseada no fato de que um grupo de jovens baderneiros estava “aterrorizando” no Central Park nos mesmos dia e horário aproximado da violação, conclui que parte deste seria responsável pelos crimes, instruindo seus subalternos a extrair de crianças uma confissão. O segundo episódio acompanha as estratégias jurídicas das defesa e acusação, e os julgamentos; o terceiro, as consequências do encarceramento de quatro destes jovens, e suas vidas após saírem da prisão; e o quarto foca no quinto rapaz, Korey, que entrou de gaiato na confusão ao acompanhar o amigo à delegacia, o que mais sofreu, e quem, sem saber, acabou por os inocentar.

O texto aborda a questão do preconceito nos EUA, entre brancos, negros e latino-americanos, com um bom distanciamento, sem pieguices e bastante fático, e dosa muito bem as questões práticas e as emocionais que assolaram, não somente os jovens, mas também suas famílias. Há também uma crítica ao atual presidente americano, Donald Trump, que na época se manifestou sobre o caso, desejando que a pena de morte ainda fosse efetiva no estado, para que essa atingisse os jovens, mas, um tanto exagerada, parece mirar a sua campanha à reeleição no ano que vem.

A direção, também de Ava Duvernay, é excelente, com boas escolhas de tomadas, ângulos e aproximações que acentuam o drama, além de manter boa distância, sem melodramatizar o tema já demais contundente. O elenco é excelente, destaque para os quatro atores que interpretam os meninos, e o ator que interpreta Korey, tanto jovem, como adulto. Vale ressaltar as participações de Felicity Huffman e Famke Janssen. A fotografia é belíssima, valorizando cores, tons, sombras e luzes. A música contextualiza muito bem as cenas e sequências, aprofundando dramas. Edição e arte são excelentes. Um drama baseado em fatos reais que expõe idiossincrasias e preconceitos de nossa sociedade. Imperdível.

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