Baseado na história real de Lizzie Andrew Borden, acusada, julgada e inocentada das mortes, a machadadas, de seu pai, Andrew, e sua madrasta, Abby, em 4 de agosto de 1892, o filme é mais uma interpretação dos fatos que deram origem a uma das maiores lendas do imaginário americano. Há cantigas infantis, livros, séries e filmes sobre o assunto que, até hoje, muitos intriga.
O roteiro do pouco experiente Bryce Kass acerta ao girar em torno do dia dos assassinatos, fazendo deslocamentos para o passado ou para o futuro, conforme o desenrolar da narrativa, desvelando um pouco mais a cada passagem pela cena do crime. É também oportuna a construção das personalidades dessas personagens, especialmente, de Lizzie, seu pai Andrew e de Bridget/Maggie, mesmo que imaginadas, e a utilização de fatos reais para embasar a trama, como as divergências entre Lizzie, sua irmã Emma e o pai quanto à destinação dos bens, que favoreciam a família de sua madrasta Abby e a matança dos pombos, mesmo que por outro motivo.
A direção do também pouco experiente Craig William Macneill é ótima, abusando de closes inteligentes e de sequências que adicionam muito suspense à história. Chloë Sevigny está em sua melhor atuação, criando uma personagem verossímil, sólida e um tanto soturna, corroborando com muita precisão os conflitos. Apesar de ainda não apresentar amplitude interpretativa, parecendo, com frequência, constipada, Kristen Stewart demonstra evolução nesse seu trabalho. Jamey Sheridan, o Andrew, Fiona Shaw, a Abby, Denis O´Hare, o tio John, bastante romanceado, estão ótimos em seus papéis e Kim Dickens completa o elenco coadjuvante. A música contribui muito com as tensões cênicas, elevando o suspense. Fotografia, arte e edição são ótimas.
Lizzie é uma aposta, pois a história já foi contada diversas vezes e de diferentes maneiras, arriscando cair no lugar comum, mas triunfa com uma versão diferenciada e interessante dos fatos, apesar das anteriores. Vale assistir.
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