O candidato da Inglaterra a uma vaga no Oscar 2019, vencedor do BAFTA 2018 de "Melhor Estréia Britânica", é o primeiro longa da diretora zambiana Rungano Nyongi, que aborda os reais aspectos culturais da região bem como ambientação e diálogos da zâmbia ao nos fazer acompanhar a estória de uma menina acusada de bruxaria, obrigada a viver em uma colônia de bruxas que prestam serviços para o governo.
Por mais bizarra, ou mesmo ficcional que possa ser essa premissa, a triste realidade é que ela ainda existe nos dias atuais nesse país africano e o roteiro aproveita dessa tradição cultural para expor mais uma forma de exploração da mulher pelos homens de uma maneira inédita no cinema através de potentes metáforas e alegorias que deixam o espectador não só atado na narrativa como também boquiaberto questionando se, tudo que vê, é de fato real ou trata-se de uma gigantesca fantasia.
Infelizmente não, pois o mito folclórico reproduzido há gerações faz com que o imaginário popular convenientemente manipulado pelo governo perdure mesmo tratando-se de aviltante misoginia.
Misturando inteligente crítica- satírica, a diretora alonga seus planos a fim de conseguir um desconfortável efeito tragicômico enquanto a pequena e quase muda protagonista carrega a trama e o drama provocando enorme empatia na assistência abrilhantada por uma fotografia ímpar que, através de sua perspicaz paleta de cores, reforça as situações indo do desbotado árido ao vermelho confrontador, alçando uma força imagética poderosa dentro de quadros impactantes e sem precedentes.
Com exposição clara do ageísmo reinante e do abuso infantil, #IAmNotaWitch traça um gritante paralelo entre o mundo globalizado com suas tecnologias que influenciam tendências até mesmo nos lugares mais recônditos em contra ponto com arraigadas tradições opressoras, cumprindo com maestria uma das funções do Cinema como instrumento documental revelador e ferramenta essencial para a evolução sócio-cultural.
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