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  • Foto do escritorCardoso Júnior

Benzinho – Brasil-2018

Atualizado: 22 de ago. de 2020


O vencedor do Festival de Gramado nas categorias melhor atriz, melhor atriz coadjuvante, melhor filme do júri popular e melhor filme do júri da crítica que estreou em 23/8/18, é mais um trabalho do cinema nacional com roteiro elaborado para agradar público específico e, literalmente nacional, perdendo a oportunidade de ser obra com apelo universal.

Com isso facilmente identificável, fica muito óbvio entender o hype que o filme vem obtendo ao retratar (e obter a simpatia através da recognição), uma típica família disfuncional brasileira, com seus reconhecíveis problemas cotidianos, enfrentados por uma mãe classe média baixa, batalhando por sua emancipação escolar e de sua família, reunindo uma gama de elementos conhecidos pra sustentar a empatia em detrimento até da lógica para angariar a solidariedade da platéia.

É uma pena que a direção e roteiro de Gustavo Pizzi optem com veemência pelo superficial, desperdiçando a chance de aprofundar-se nos bons argumentos tais como o peso da maternidade acrecido pela crise financeira, a síndrome do ninho vazio e até mesmo a vertente da violência doméstica. As questões estão lá, flutuando numa boia, mas o foco na aposta de compor algo que esteja arraigado no imaginário brasileiro e, as pífias tentativas dos conflitos que poderiam trazer o lastro da dramaticidade desmoronam numa comédia agridoce com trilha sonora invasiva, desconectada e tão irritante quanto a edição picotada por demais.Pena.

No entanto, a cenografia é bastante acertada permitindo que os expectadores reconheçam todos os elementos de forma a gerar um reconhecimento e pertencimento dos interiores, seguindo a linha da identificação bem como os momentos de lazer da família trilhando por uma linha fina que separa o naturalismo do caricato para chegar numa aura singelo-comovente pouco condizente com o universo retratado, o que esfacela qualquer possibilidade da trama adquirir o peso maior esperado ainda que gere curiosidade (ou esperança), pelo desfecho.

Karine Teles é quem segura e mantém toda a estrutura dramática numa atuação muito convincente embora a direção insista em longos e demorados closes na atriz, (algo que nem Bergman fez com sua Liv), criando uma personagem cativante com seu poder interpretativo. Infelizmente, o mesmo não se pode dizer do ator que faz seu filho mais velho (mote para o drama), que necessita de legenda para que o expectador entenda o que fala para dentro num claro descuido da direção para questões de dicção e o velho problema de captação de som, ainda que nenhum diálogo seja memorável.

Assim, “Benzinho” que apela para repetição de algumas cenas inverossímeis para conseguir riso fácil, se perde numa trama que deixa à deriva as boas discussões iniciadas em prol de confeccionar uma receita de bolo de agrado local, mas que fica solado por pouca fermentação.

Mas há quem goste assim...

TRAILER

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