Valor Sentimental – Noruega – 2025

Cardoso Júnior
há 1 hora
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Análise 1.795

Tendo recebido 8 indicações ao Globo de Ouro 2026, Valor Sentimental do aclamado diretor Norueguês, Joachim Trier, conhecido por sua “Trilogia de Oslo”, entre outros, nunca foi um cineasta que me agradou em vários trabalhos seus que tive a oportunidade de assistir, talvez pelo estilo de sua abordagem tão elogiada pela crítica mundial. Eu, particularmente, não consegui gostar de nenhum até agora ainda que corra o risco de ser uma exceção. Ok, reconheço que “A Pior Pessoa do Mundo” (Análise 1.551) me agradou bastante.

Existem inúmeros filmes que abordam famílias disfuncionais com seus traumas psicológicos internos configurando-se em um farto material para ser explorado uma vez que abrange grande potencial de atingir um universo bastante amplo de público uma vez que a exploração do subjetivo pode atingir questões emocionais de âmbito universal.

Valor Sentimental, apresentado no Festival de Cannes, reflete essas questões: as experiências particulares de uma família de três personagens e suas relações são o núcleo emocional da estória: um pai e suas duas filhas, cada um carregando suas próprias feridas e seus mecanismos de defesa dentro de uma casa que também faz parte - é um personagem- como um ser vivo como repositório de memórias vividas em décadas e em cada cômodo.

Apesar da notória cisão emocional – nunca são brigas, pois tudo é muito polido - que permeia essa família ainda que tentem transmitir normalidade para o mundo exterior há um minucioso desenvolvimento da personalidade de cada um em pequenas atitudes cotidianas utilizando-se da ficção para retratar o poder do artista em transformar suas dores em arte para afugentar seus demônios e, nesse contexto, as interpretações são brilhantes por extraírem mais do interior chamas que não devem ser reveladas ao público, mas transparecem nitidamente.