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  • Foto do escritorFábio Ruiz

Cachorros – Chile – 2017

Atualizado: 18 de ago. de 2020

Mariana Blanco, uma mulher nos seus quarenta, começa aulas de equitação e descobre que seu professor, um coronel, esteve envolvido nas atividades repressoras do regime militar chileno. Ao investigar o seu passado, ela descobrirá fatos inquietantes sobre o próprio. O roteiro de Marcela Said gira em torno de Mariana, uma mulher abastada, de personalidade forte e insurgente, mas que ainda vive sob a tutela do machismo inerente à herança de tempos da repressão, o vizinho a ameaça, o pai a tenta comandar, o marido argentino a subestima e subjuga, e o coronel a doma, dociliza-a. Mas, apesar do controle, tem seus momentos de rebelião, quando faz o que quer, inclusive ter relações extraconjugais. Ao conhecer o coronel, Mariana, instigada, procura conhecer o seu passado, mas se depara com próprio, quando descobre o envolvimento de seu pai em atividades da ditadura militar. O texto também busca estabelecer, um pouco inabilmente, vínculos metafóricos entre os cachorros, que, constantemente, são observados na narrativa – os seus, os representados em peças de arte, e por fim, os de uma réplica do quadro Laura e Os Cachorros, de Guillermo Lorca, um pintor figurativo chileno –, os homens do aparato repressivo, que ao mesmo tempo a atraem e a repulsam, e a sua hesitação em ter filhos, operando no suspense, quase no terror, inerente à repressão.

A direção, também de Marcela Said, é competente, e imprime, com sucesso, os tons de expectativa e medo almejados pelo roteiro, mas é um tanto confusa na seara metafórica; Antonia Zegers está excelente em personagem dual; Alfredo Castro, o melhor do elenco, concede muita tonalidade ao coronel; Rafael Spregelburd, o marido argentino, Alejandro Sieveking, o pai de Mariana, e Elvis Fuentes, o investigador, estão ótimos em seus papéis. A música contribui muito com as tensões cênicas, e a fotografia, a arte a e edição são muito boas.

Uma reflexão sobre os resquícios da ditadura e suas consequências na atualidade, sob a perspectiva de uma mulher, um tanto independente e outro submissa, nesses imersa, é o que traz Cachorros de Marcela Said, que defende que remanescem os "cães" detentores da supremacia econômica, e sucumbem os outros. Vale conferir. PS: Em cartaz.




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