![](https://static.wixstatic.com/media/794946_b50d3226652f4c619a9bcb46da71a0cd~mv2.jpg/v1/fill/w_144,h_61,al_c,q_80,usm_0.66_1.00_0.01,blur_2,enc_auto/794946_b50d3226652f4c619a9bcb46da71a0cd~mv2.jpg)
Jeon Manhee está em Cannes à trabalho no festival de cinema, quando, inesperadamente, sua chefe, sem dar explicações, a dispensa, deflagrando a trama na qual Claire, uma professora e fotógrafa amadora se insere em diversas ocasiões imiscuindo-se nos conflitos correntes.
O roteiro de Sang-soo Hong, que também dirige o filme, é paradoxal, simples e complexo, lírico e racional, singular e comum, e apodera-se do tempo para aquiescer a hermenêutica do espectador, que da história se apropriará e uma nova, sua, particular e única, contará. Hong brinca com o tempo e o dissimula consentido diversos juízos que podem compreender um único festival ou diversos. Entremeada na cronologia percebida, seja essa qual for, a narrativa dos eventos que desvelarão os simples motivos que levaram Jeon a ser demitida.
![](https://static.wixstatic.com/media/794946_739f91050dfe4f87878b39c7abc196c9~mv2.jpg/v1/fill/w_121,h_60,al_c,q_80,usm_0.66_1.00_0.01,blur_2,enc_auto/794946_739f91050dfe4f87878b39c7abc196c9~mv2.jpg)
A personagem Claire é mulntifacetada e monolítica simultaneamente e, junto com sua câmera, promove perceptíveis pequenas mudanças nas personagens ao seu redor selando outras direções aos seus destinos e estabelece relações de causa e efeito, em mais um jogo do tempo, onde o mundo rotaciona e cambia posições, quase como uma relação karmática. O estabelecer de tábulas, como o cão, o cujo tamanho é oportuno, presente em diversas cenas, todo figurino de Claire, em especial o seu casaco e câmera, e locações que se repetem, iluminam veredas no tabuleiro temporal que permitem-nos construir nexos cronológicos e dramatúrgicos.
![](https://static.wixstatic.com/media/794946_e69adb026f014ee396463004c1e2764a~mv2.jpg/v1/fill/w_121,h_60,al_c,q_80,usm_0.66_1.00_0.01,blur_2,enc_auto/794946_e69adb026f014ee396463004c1e2764a~mv2.jpg)
A direção é excelente e cria as singularidades cênicas necessárias para a concepção de percepções do tempo. O figurino coaduna perfeitamente com o roteiro e faz uso da repetição de vestimentas para também estipular ou embaralhar sequências. A fotografia é competente, a música é ótima e a edição, excelente, realizando cortes que enevoam ou esclarecem o fluxo temporal. Isabelle Huppert, excelente como sempre, confere
Uma simples história contada com a complexidade designada pelo próprio espectador é o que apresenta a Câmera de Claire, que permite a observação e a desconstrução de conflitos através do exame dilatado do tempo. Não perca.
PS: Em cartaz
![](https://static.wixstatic.com/media/794946_2359e8d133014673a97a21eca87ce3ab~mv2.png/v1/fill/w_49,h_6,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,blur_2,enc_auto/794946_2359e8d133014673a97a21eca87ce3ab~mv2.png)
TRAILER