O vencedor do Festival de Sundance de Melhor Filme Popular 2017, entre outros inúmeros prêmios internacionais, deveria ser analisado por um pesquisador linguístico que, obviamente, captaria e extrairia maiores informações sobre este trabalho tão lúdico e mágico quanto sério.
Ao utilizar o plot de uma língua que está morrendo e seus dois últimos conhecedores vivendo nas belíssimas remotas e encantadas montanhas Mexicanas, o roteiro muito simples subdivide-se em alguns ramos narrativos tal qual os idiomas com suas características de separar, unir e transmitir experiências e vivências humanas; do passado, presente e futuro.
A produção bastante incomum e até surpreendente, encanta pela simplicidade estética, pelo realismo mágico enquanto amparada por espetaculares momentos de som, fotografia e imagens impressionando pela apurada técnica cinematográfica e alguns mistérios difíceis de serem desvendados e ou resolvidos em qualquer idioma.
Dito assim, “#Sueñoenotroidioma” parece conter um enredo hermético, mas o conto sobre dois inimigos que não se falam há cinqüenta anos e temem que um idioma universal capaz de ser entendido até pelos animais caia em mãos indevidas, mesmo que transite por mitos e tradições milenares, ainda que fictícios, é desafiador, ousado e de uma delicadeza e simplicidade espantosa.
Atrever-se a colocar personagens conversando, em alguns momentos, numa linguagem ininteligível, é um supremo e mais que bem sucedido desafio para as performances que vão mantendo o nosso pico de atenção agradavelmente alerta durante toda a aventura ofertando uma gama de reflexões sobre o amor, as convenções sociais, o ódio, o arrependimento e, finalmente, o perdão.
Finalizando, “I Dream In Another Language” é uma produção indie que explora de forma dramática e genial as vertentes da linguagem falada e corporal de maneira fascinante, respeitável e merecedora de toda divulgação.
TRAILER