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  • Foto do escritorFábio Ruiz

O Insulto - Líbano – 2017

Atualizado: 18 de ago. de 2020


A disputa em torno de uma calha defeituosa ganha proporções gigantescas ao revelar questões latentes e prementes, cujas origens datam de quarenta anos atrás, entre palestinos e libaneses. A simples sinopse não acolhe as profundas e delicadas discórdias abrangidas pelo candidato Libanês ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Quando Yasser Abdallah Salameh, palestino mulçumano chefe-de-obras, conserta a calha ilegal e vertente de Tony Hanna, libanês cristão dono de oficina mecânica, o último sente-se insultado, exigindo um pedido de desculpas. Contudo, todas as tentativas de apaziguar a querela inflam ainda mais os ânimos e agudizam cada vez mais os conflitos que ganham dimensões inesperadas. Um roteiro inteligentíssimo, que, gradativa e pontualmente, revela fatos que aumentam a tensão e o entendimento do expectador da escalada dos conflitos, é o que nos apresentam Ziad Doueiri e Joelle Touma, seus autores. A evolução da história acaba por nos remeter ao massacre de Damour ocorrido em 1976, que tem importância impar nas hostilidades apresentadas. A direção de Ziad Doueri é excelente, vulto maior para as diversas tomadas no tribunal que apresentam ângulos e distanciamento interessantíssimos que adicionam tensão ao conflito em cena. A atuação de Kamel El Basha, o Yasser, é delicadíssima e relevante, a de Adel Karam, o Tony, é também excelente, mas, ocasionamente, fora de proporção. As belas Rita Hayek e Christine Choueiri completam com maestria o elenco principal nos papéis de Shirine e Manal, respectivamente, esposas de Tony e Yasser, como também, a igualmente bela, Diamand Bou Abboud, advogada de Yasser, e a maioria dos coadjuvantes. A música é excelente e adiciona, com perfeição, às tensões da trama. A fotografia não fica atrás e apresenta um trabalho digno de produções hollywoodianas. A arte trabalha muito bem em conjunto com demais áreas técnicas criando um conjunto coeso. O Insulto é um grande filme, às vezes, parece grande até demais, exagerando na proporção dos eventos, que para nossa cultura podem parecer inverossímeis, mas que para a deles podem ser até cotidianos; e ganha nossa atenção e empatia ao mostrar com delicadeza a grande isonomia do sofrimento e que em qualquer guerra, independente do vencedor, esses não há.

TRAILER

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