Em virtude de o diretor ter se retirado da disputa de sua improvável indicação ao Oscar e ter-se lançado na disputa pelo Goya (Cinema Espanhol), fomos verificar: A nítida proposta de naturalismo extremo na produção é levada às últimas conseqüências não só na cenografia, fotografia bem como em cenas de nudez e sexo explícito para salvar uma tentativa de “jogada cabeça” do tédio absoluto de um contexto totalmente aleatório, de um somatório de cenas picadas e picotadas demais, sem sentido algum, que tentam, desesperadamente, formatar um “filme de arte”. A ideia do roteiro (qual roteiro?), de transitar pelos bastidores das vaquejadas do nordeste, fotografando o universo humano para fazer um paralelismo com animais e, ainda subverter conceitos sociais, até que seria interessante se não resvalasse para o monocórdio monótono da pretensão da intelectualização do chato. Com personagens que pretendem o profundo, mas ficam no plano do esterco, e diálogos que buscam por demais a subjetividade do óbvio, seria risível se não fosse bizarro a colocação da lente sobre intimidades sem nenhum interesse nem acréscimo. Tecnicamente bem construído na luz e fotografia, Boi Neon aposta em algumas cenas para causar desconforto ou excitação na platéia unicamente para salvar-se de uma proposta estética sonolenta sem final. Ah sim, tem embutida a interessante questão dos sonhos individuais, mas a menos que você ache erótico ou interessante assistir uma mulher, de pernas abertas se depilando na boleia de um caminhão ou, relevante uma longa cena de sexo explícito com uma grávida, isso não terá mais relevância que bosta de boi á ser retirada com as mãos. Ô Boi!
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