Finalmente e felizmente nos chega a cine-bio do mundialmente famoso músico de Jazz e trompetista, Chet Baker. Depois de quase um ano com apresentações de biografia de músicos importantes um tanto quanto estranhas no ângulo de abordagem, Born To Be Blue, roteiriza e se desenvolve de maneira honesta e quase linear sobre a vida do biografado.
Alternando entre as filmagens em P&B sobre o início da carreira, e a bela fotografia colorida que registra a tenaz em impressionante superação física intercalada com vitórias e derrotas diante das drogas, a narrativa não deixa escapar o enfoque na personalidade dúbia entre homem e instrumentista, deixa claro o real antagonismo com Miles Davis (comentado aqui no equivocado “Milles Ahead”), fazendo um mais que digno retrato de uma época e de um lendário artista.
Por certo, a bem cuidada parte técnica talvez não bastasse à relevância da obra sem as brilhantes atuações de Carmem Ejogo e do monstruoso Ethan Hawke que capta, exala e expurga a alma do mito em interpretação arrebatadora.
Ouvir e ver a delicada interpretação de Ethan do clássico “My funny Valentine”, já trazida às telas por Matt Damon no clássico “ O Talentoso Ripley”(1999), é um momento de sonoridade delicadíssima e uma certa indicação ao Oscar 2017.
Born To Be Blue que, provavelmente, não chegará às telas brasileiras, é uma justa e bem feita homenagem a Chet Baker, uma profunda viagem dramática embalada em acordes do Jazz e um show a parte de Ethan Hawke.
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