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  • Foto do escritorCardoso Júnior

Ninguém Pode Saber – Japão - 2004

Atualizado: 6 de abr.


Eis mais uma dessas preciosidades cinematográficas que passam despercebidas por inúmeros motivos e, sempre, lamentavelmente por seis razões: Primeira: Pela genialidade do roteiro ao se aproveitar de um fato real que foi manchete em todos os jornais do Japão e que também chocou o mundo e, pelo tratamento ficcional que a direção opta e nos informa logo na primeira cena. Segunda: Pela proposta estética minimalista aos extremos, que explora ao máximo pequenos detalhes em closes de mãos, pés e rostos, captando e deixando que olhares sejam a matéria prima das expressões de todas as realidades, por certo não será, nunca, uma plástica para amantes de ação, velocidade e explosões, mas a valorização dos instantes fílmicos, em takes longos, muitas vezes sem diálogos, é de um expressionismo realista que beira a perfeição. Terceira: A composição desta proposta intimista, onde a câmera funciona como um olhar especulador e narrador e, roteiro que se abstém de julgamentos enquanto transforma atuações em veracidades do plano vida, “Dare mo Shiranai” insere-se na categoria de obra prima do realismo transcendental em seus 140 minutos. Quarta: Há muito e em muito, o cinema já tratou do tema “perdas”, mas ao transferi-lo, desta maneira, para o universo infantil, ao colocar crianças vivenciando adversidades múltiplas e expor a resiliência delas na manutenção da esperança, torna-se algo avassalador de se acompanhar. Quinta: Embora o enredo transite pelo dramático (sem chegar nem perto do melodrama), o genial contraponto da narrativa situa-se na sobriedade, seja na luz, na trilha e nas emoções das personagens que nunca se entregam a revolta ou mesmo explosões emocionais. Sem nenhuma resignação, é na serenidade que repousa o tom quase documental da narrativa. Sexta: Portanto, o quase desconhecido “#NobodyKnows”, que arrebanhou o premio de melhor ator em Cannes para o menino Yuya Yagira, é uma obra pungente que, embora pareça apenas triste, nos fala com muita delicadeza sobre a beleza e a força universal da irmandade. Mas dói!

TRAILER

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