Eis um trabalho que, mesmo antes de nascer, tinha se tornado polêmico nas redes sociais por conta da escalação de Zoe Saldana para viver nas telas nada mais, nada menos, que a Diva do Jazz, Nina Simone! Claro que fomos averiguar: Em nossa opinião, há duas maneiras de sentir este trabalho dividida entre: quem assistiu o documentário:¨ What Happened, Miss Simone?”, indicado ao Oscar 2016 e comentado aqui e, quem não teve este privilégio... Nos dois casos, “Nina” não deverá agradar por muitas razões. A primeira, óbvio, é ter sido lançado pouco tempo após o documentário que é... espetacular e, ainda que o cinéfilo desconheça a biografada, o roteiro não irá contribuir em nada para maiores aprofundamentos na vida de uma mulher que não só foi uma das maiores pianistas clássicas do nosso tempo, uma voz que ficou para sempre e uma militante ferrenha pelos direitos dos negros na América. A opção da direção ao acatar o roteiro centrado nos dez anos finais de Simone, serpenteando por flashbacks que deságuam na apresentação do concerto de Central Park, é uma tentativa isotônica sem nenhum efeito, a não ser, desviar-se de uma vida riquíssima para uma espécie de caricatura dramática. Lamentável. Um outro deslocamento, com tentativa de originalidade, situa-se no fato de amparar-se na relação da musa com seu enfermeiro-empresário deixando-a apenas como uma louca desvairada com flagrante apelo para a comédia. Menos! Quanto a Zoe Saldana, há que se reconhecer méritos em sua ousadia e trabalho, comprometida sim, em dar o melhor de sí para a difícil personagem ainda que prejudicada pelo nariz protético e pela maquiagem visivelmente borrada em algumas cenas. Era necessário escurece-la ou manchá-la, nos perguntamos. Zoe não faz feio (não esperem uma Piaf x Cotillard), e nem é culpada por este desastre, embora suas interpretações musicais surjam mornas e aquém anos luz da Diva. O desastre acontece pele sucessão de desacertos que nos referimos acima; pela abordagem clichê que não alcança as várias dimensões de Simone deixando-nos no escuro quanto sua importância como mulher, o que a tornou grande e memorável e os motivos que a fizeram escrever e musicar letras cantadas até hoje no mundo todo, apresentando-a apenas com uma senhora transloucada. Triste! Enfim, Nina soa falso como uma bricolagem mal feita que não revela seu todo, resvalando para uma encenação bizarra e indefinida em seus confusos propósitos biográficos já que Nina Simone foi muito maior que seu tosco arremedo de retrato apresentado por “Nina”. Para os fãs e não fãs, recomendamos veementemente o documentário “What Happened, Miss Simone?”, (já disponível no Netflix), enquanto alguém não apresente um filme a altura da história de vida de uma lenda como Nina Simone.
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