
O vencedor do prêmio de direção no Festival de Sundance do ano passado que criou enorme burburinho anunciando ser o filme de terror mais assustador visto no cinema, não faz jus à publicidade. Pelo menos no quesito terror... Ok que todos os símbolos do gênero estão incisos nele; floresta tenebrosa, bode preto, corvo agourento, visões turvas, crianças visionarias, conceitos religiosos, enfim, todos os ingredientes para aterrorizar que, aqui, não funcionam a não ser, numa cena ou outra. Um pouquinho. Ok também que a criação da atmosfera opressiva é perfeita, que a câmera sabe buscar os ângulos certos, que a fotografia mais que se enquadra na proposta e a trilha venha ajudar bastante na composição do suspense. Sim, todos os ingredientes estão reunidos, mas só criam uma inegável curiosidade pelo desenvolvimento da trama, até o último ato que se pretende sinistro, mas beira o circense. Talvez criancinhas possam ficar assombradas... Com desenvolvimento lento que desacelera em muitos momentos dispersando a pressuposta tensão, nem mesmo a reconstrução de época pode ser elogiada além dos figurinos, mas vale pela protagonista que mantém um tom entre inocência, raiva e curiosidade e pelo forte cunho religioso que entrelaça a narrativa. “#TheWitch” tem sim uma proposta que foge aos sustos convencionais do gênero, constrói um suspense inteligente, repleto de dubiedades, mas não assusta ninguém. Mesmo! Para os fãs do estilo, deixamos recomendação do espetacular “Boa Noite, Mamãe” (2015) que já comentamos aqui.

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