Tendo ficado entre os nove filmes estrangeiros indicados ao Oscar, claro que fomos averiguar. Outro motivo que nos deixou bastante ansiosos (e qualquer cinéfilo ficaria), foi o fato do diretor Jaco Dormael, ser o mesmo que dirigiu o insuperável “Sr. Ninguém” de 2009. Bons auspícios! Vamos a ele : Partindo de um plot sui generis: “Deus não é muito bonzinho, mora em um apartamento bem comum na Bélgica, tem uma esposa submissa e uma filha pré-adolescente” questionadora, não há como não ligar o piloto da atenção já na primeira cena... e ficar com ele ligado até a última e ousada cena final. As seis visitas aos humanos empreendidas pela filha de Deus, são situações com um bom toque de comédia que sim, proporcionam umas boas gargalhadas, embora o surrealismo esteja apontando para o tema solidão humana e outras questões emblemáticas como o sentido da vida, arrependimentos e consciência da mortalidade. Embora os temas possam parecer “pesados” o tom humorístico, quase farsesco, permeado de ironias no roteiro genial e, muito bem amarrado, com cenários, montagem e trilha sonora (violinos e pianos clássicos), que por si só, são um espetáculo a parte, “O Novíssimo Testamento” com sua visão idiossincrática da religião, por certo não poderá agradar um público conservador, o que seria uma lástima. Com um elenco principal pequeno frente a imensidão da proposta, tem no elenco de apoio ótimas performances incluído a de Catherine Deneuve, tem sequências belíssimas, tem uma critica sagaz e ao mesmo tempo suave e gostosa e, por certo, não obterá o marketing necessário para se fixar como “bombástico” nos circuitos; mas deveria em tempos de tantas mediocridades ocupando acentos nos cinemas. Assim, deixamos nossa recomendação máxima para que assistam este trabalho que se configura em uma verdadeira pérola da sétima arte, com toda a certeza.
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