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  • Foto do escritorCardoso Júnior

Sexo – Noruega -2024

Analise 1.690

Recém saído do Festival de Berlim com três prêmios importantes, incluindo Melhor Filme Europeu, #SEX, é o primeiro de uma trilogia chamada Sex, Dreams, Love que o diretor norueguês Dag Johan Haugerud, vai retratar a contemporaneidade da sociedade de Oslo.

Embora não tenha nenhuma cena de sexo como o nome pode induzir, esse drama nórdico, com atuações espetaculares, busca esmiuçar a sexualidade masculina de maneira muito inteligente, provocativa e levemente divertida ao juntar dois companheiros de trabalho – héteros convictos, casados e com filhos - que, cada um, à sua maneira e por motivos diferentes, começam a analisar as profundas restrições de papeis de gênero em suas vidas.


O primeiro tem um sonho recorrentes onde o cantor e ator David Bowie, sempre aprece e o olha como se ele fosse uma mulher o que lhe causa enorme desconforto, mas com a recorrência isso passa ser prazeroso. E, enquanto, bastante incomodado relata isso ao amigo, é surpreendido pela tranquila revelação que o próprio, recentemente, confessa uma primeira relação sexual com outro homem e que, inusitadamente, achou prazeroso e contou para a esposa.


Pronto. O cerne de todo um conflito bem distante de histerismos - Afinal é a Noruega – está estabelecido e passa a ser discutido, debatido, questionado com suas respectivas esposas – e entre eles- numa sucessão de monólogos e diálogos práticos, porém filosóficos, que buscam rever todas as bases de dois casamentos felizes, sólidos e monogâmicos através de muitas inteligentes reflexões que prendem o espectador inexoravelmente.


Em nenhum momento, embora os casamentos sofram abalos, existe a possibilidade de rompimento da estrutura e de uma inversão de gênero, preferindo o roteiro manter-se firme numa série de conversas muito íntimas repletas de diálogos afiados, sempre muito francos e honestos dentro de um roteiro repleto de camadas assim como seus dois protagonistas questionado os códigos da masculinidade.


Ah, sim, não existe nenhum mínimo ensaio que ambos se interessem um pelo outro, pois a questão abordada pelo diretor vai pôr um caminho de muito mais profundidade focando-se nas reais bases de um casamento, nas morais vigentes, nos desejos, libidos, na liberdade corporal e na felicidade das respectivas parceiras e relações matrimoniais.


#SEX é um filme investigativo sobre quem realmente somos e não propõe nenhuma resposta deixando-as a cargo das epifanias dos espectadores e, ainda de quebra tem uma bela cinematografia que passeia sobre a cidade de Oslo sempre acompanhada por uma trilha sonora baseada em metais que faz muitas coligações nas transições compondo uma obra simples, mas para mentes curiosas que se encantarão com as ironias sobre comportamentos humanos e que, certamente, nos leva a reflexões de largos aspectos.




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