Eis uma produção indiana na língua inglesa bem diferente do cinema bollywoodiano com seus brilhos exuberantes, músicas e coreografias dançantes maravilhosas. #TheWhiteTiger, do cineasta Ramin Bahrani (do genial “99 Casas” -Análise em 03/09/15 e “Fahrenheit 451” - Análise nº 890), parte do best-seller homônimo para nos levar por uma viagem pela índia atual retratando as chocantes disparidades dentro da sociedade da quinta maior economia do mundo.
Com roteiro que aproveita-se da vida de seu ótimo protagonista para apresentar um retrato cruel da desigualdades sociais enquanto tece abertamente várias críticas ao sistema de castas adotando um tom deliciosamente satírico com muitas pitadas de humor negro para aliviar, sem retirar o peso de tamanhas disparidades em pleno século XXI.
E aqui, não prestarei o desserviço de discorrer sobre a gama de importantes temas abordados de forma genial e suas muitas nuances alegóricas muito bem costuradas para não estragar o prazer de quem assistirá a obra, mas acho importante ressaltar a mais que eficiente direção com utilização de muitos closes alternados com interessantes planos gerais e até gostosas e oportunas quebras da quarta parede enquanto a realista fotografia trabalha com tons vívidos (mas nunca luxuriosos) em contraste com soturnas e pertinentes paletas.
Por certo, a exposição do socialismo, sempre corrupto, presente na singular mentalidade de um povo é um dos pontos corajosos e altos da trama e a transmutação do oprimido em opressor bonzinho com nítida implicação em dominação empresarial por “cor da pele” é uma das riquezas desse roteiro originalíssimo, pontuado por ótimos diálogos e conduzido por elenco competente ainda que assuste os quilos a mais da belíssima Priyanka Chopra.
No mais, se o Tigre asiático dominará o planeta, tem que ver pra crer e muito refletir...
Ps1: Disponível em streaming
Ps2: “O pobre só tem duas maneiras de chegar ao topo: pelo crime ou pela política. É assim também no seu país?
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