top of page
logo.png
  • Foto do escritorCardoso Júnior

Não Há Mal Algum - Alemanha- 2020


O vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlin/2020, não é um trabalho para amantes de filmes de ação no estilo hollywoodiano, mas é uma obra denunciatória belíssima tecnicamente e importantíssima socialmente uma vez que, o Irã executa ‘legalmente” seus cidadãos em taxas alarmantes amparado por um sistema jurídico ditatorial que não esconde não só as perseguições político-ideológicas como literalmente obriga os jovens a um serviço “militar” sem o qual não conseguem obter nem mesmo um emprego.


Escrito e dirigido pelo iraniano Mohammad Rasoulof (” Manuscritos Não Queimam” – comentado aqui em 12/03/2015), que o levou a prisão acusado de ‘propaganda contra o governo”, #ThereIsNoEvil, é um libelo muito bem elaborado dentro de quatro contos kaficanianos contra o sistema opressor e sobre as danosas consequências psicológicas imputadas aos jovens obrigados a se tornarem carrascos do próprio homem.

O primeiro capitulo, “There is no Evil”, nos é apresentado intencionalmente de forma bem lenta e naturalista para gerar um forte impacto em seu desfecho enquanto o segundo, “She said: ‘You can do it’, transita por um suspense angustiante muito bem amparado pela espetacular trilha sonora e, o terceiro, “Birthday”, que lança mão de fotografia e jogo de luzes esplendorosas leva-nos ao quarto, Kiss Me”, onde as paisagens / cenários são deslumbre único.


Com sinceras interpretações do grande elenco de cada núcleo, essa película de duas horas e trinta minutos que inteligentemente evita cenas grotescas, é filmada em widescreen (tela larga), o que possibilita grande imersão na conectividade temática da coesa estrutura episódica e tema central, ainda que cortes bruscos marquem o fim de cada narrativa.

Ao fim e ao cabo, salta-nos aos olhos e às lembranças o fato que diretores iranianos costumam ser, ainda que discretamente, ferrenhos críticos do autoritário governo, mas só Mohammad Rasoulof, mesmo com todas restrições a ele impostas, consegue nos presentear com essa espetacular fábula sobre ética, lançando mão de inteligentes metáforas e abstendo-se de condenar ou julgar suas personagens, abrindo importante debate sobre a arbitrariedade da pena de morte em seu país.

Bravo!



Ps1: Se o homem foi condenado à morte, ele deve ter feito algo para estar ali.

Ps2: Disponível em VOD

TRAILER



bottom of page