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  • Foto do escritorCardoso Júnior

Melhores Dias – Hong- Kong -2020


Proibido pelo governo da China, retirado abruptamente de festivais e depois autorizado, o polêmico “Better Days”, descortina o cruel mundo do bullying escolar dentro de um ambiente de altíssima pressão emocional onde jovens se preparam para fazer o correspondente ao vestibular deste país, algo de extrema importância para os estudantes que o entendem como um rito de passagem para a maturidade e uma chance de, no futuro, não pertencerem mais a classe dos excluídos sociais.

Sim, também há miséria e exclusão no “perfeito” socialismo chinês.

Para nós, ocidentais, que encaramos essa fase de maneira mais amena, talvez, seja quase incompreensível conceber a forma bélica que o sistema educacional do país impõe sobre esses adolescentes gerando um nível de tensão e estresse sem igual não só neles, mas também sobre pais, famílias, professores e instituições de ensino.

Partindo deste cenário, o diretor e ator, Derek Tsang, adapta o livro “In His Youth, In Her Beauty e, misturando vários estilos narrativos, ancora sua contundente crítica ao bullying retratando de forma realista e quase documental a tortura física e emocional de quem sofre tais intimidações, as tensões, os medos e a vida que se torna tão insuportável que a única saída pode ser o suicídio.

De forma genuína, roteiro e direção caminham juntos unindo alguns temas e personagens correlatos e mesmo usando de brutal realismo em algumas cenas e sabiamente criando mistérios, suspenses, angústias e tensões, também nos apresenta o cruel mundo das ruas para jovens párias sociais, formatando uma mais que terna, improvável e tocante relação de amparo e proteção em um mundo onde sobreviver a cada dia é o mais importante caminho para, talvez, encontrar um escape e um refúgio para a tão sonhada felicidade.


Com cenografia impressionante que muito lembra o genial Wong Kar-wai nas angulações e paletas, #BetterDays ainda conta com uma dupla de jovens protagonistas brilhantes com performances de alcance emocional irresistível e avassalador, num trabalho onde trilha sonora e edição ágil contribuem com habilidade para uma cadeia de dramáticos eventos e reviravoltas surpreendentes.

Assim, esse candidato ao Oscar 2021, de Melhor Filme Internacional, cumpre com eficácia sua missão cinematográfica de denúncia sem olvidar de muitas e muitas camadas de humanismo pecando apenas pelas duas horas e 15 minutos de duração e pela inserção de um crédito final do Ministério da Educação que parece “forçado”, mas nada tira o brilho de um dos melhores filmes nessa disputa.




Ps1: "Se você não é o agressor, você é o intimidado."


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