top of page
logo.png
Foto do escritorFábio Ruiz

Em Um Bairro de Nova York – EUA – 2021


#InTheHeights, com roteiro de Quiara Alegría Hudes, baseado no musical de Lin-Manuel Miranda, tem diversas questões, a mais premente, da qual diversos musicais também padecem, é a superficialidade de sua dramaturgia, mais centrada nas mensagens político-sociais a debater, do que na estória a conferi-las, que dotada de conflitos rasos, torna-se um painel das adversidades enfrentadas por imigrantes nos EUA, em consonância com as narrativas correntes da política americana. O filme foi acusado, pela quadrilha politicamente correta, de colorismo, mas além desse, padece também de racismo, com apenas duas pequenas personagens brancas, onde ambas reforçam teses de supremacismo branco e racismo sistêmico, fato que a comunidade “woke” falha em reconhecer ou acusar, afinal, há preconceitos do bem e, outros, do mal, mas o establishment, que ama Lin-Manuel Miranda de paixão, pois promove as mensagens “corretas’, tratou de afastar quaisquer más controvérsias.

Confiando na força musical para sobrepor as falhas da dramaturgia, #EmUmBairroDeNovaYork não alcança voos altos, pois não apresenta músicas que contagiem a plateia ou que essa vá cantarolar pelas ruas após a projeção. Além disso, a estrutura musical guarda demais semelhanças com aquela de Hamilton, também de Miranda, deixando as perguntas no ar, qual seria o ovo? E qual seria a galinha? E qual carece de originalidade? Quem assistiu a ambos perceberá tais semelhanças. Com pouco estofo narrativo, resta a Lin-Manuel apelar para o sentimentalismo barato, matando, do meio para o final do longo texto, a personagem “abuela”, obviamente, não antes dessa expor as agruras de sua imigração, que o faz ironicamente no momento de sua morte, conseguindo dar um pouco mais de fôlego a estória, mas ao mesmo tempo tornando-a previsível, desde esse fato, até a resolução do prêmio da loteria.

Os números musicais são acompanhados de coreografias fracas e sem beleza estética, raras as exceções. A direção de Jon M. Chu começa potente, mas perde rapidamente a sua força com repetições e indistinções. Anthony Ramos faz um bom trabalho, mas não alcança o protagonismo esperado da personagem, o mesmo acontece com sua contraparte Leslie Grace. Lin-Manuel comete o mesmo equivoco de Hamilton, deixando as emoções de autor transparecerem em sua personagem, dessa vez afetando-a em excesso. Os quesitos técnicos são ótimos, mas poderiam ser muito melhores.


Em Um Bairro Em Nova York tenta alcançar patamares de Amor, Sublime Amor (West Side Story), mas falha estrondosamente por uma dramaturgia rasa, com conflitos fracos, e sem emoções, a não ser as apelativas, além de ser longo e cansativo.



Comments


bottom of page