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  • Foto do escritorFábio Ruiz

Borat: Subsequent MovieFilm – Inglaterra – 2020


#BoratSubsequentMovieFilm é escatológico, um daqueles filmes, como seu precursor, que jamais deveriam ter sido produzidos, que servem a propósitos – distantes da Arte – da política, de agendas, de narrativas, mas que tem o seu valor, pois é ícone do que a sociedade vem, aos poucos, percebendo: que, para certos grupos, os fins justificam os meios, mesmo que denigram algo que deveria servir ao belo e às virtudes, como as Artes.


Sacha Barron Cohen faz um filme com o único objetivo de reforçar narrativas pré-existentes de que os conservadores, eleitores de Trump, são exclusivamente fascistas, nazistas, misóginos, racistas, assediadores, supremacistas brancos, pedófilos, e tudo de ruim que existe na sociedade. Neste intuito, substancia e amplia narrativas já propagadas por parte da imprensa que ajudou a criá-las, lançando mão de excertos intencionalmente selecionados, ou seja, os meios, para corroborarem seus discursos e objetivos, ou seja, os fins, que no momento corrente da política americana, trata-se de minar a candidatura de Donald Trump e, consequentemente, apoiar a de Joe Biden.

O roteiro repete a fórmula do primeiro, abrindo mão do ator Ken Davitian, que interpretou seu assecla Azamat, substituindo-o por Tutar Sagdiyev, filha de Borat, que é o exemplo da mulher submissa – que tem como modelo Melania Trump, que dizem viver em uma jaula, literal e figurativamente –, que ao longo do filme descobre o lugar da mulher no mundo, como se esse fosse desconhecido no mundo moderno, a não ser em países apoiados pelos mesmos que elaboram e propagam até hoje essas narrativas. A transformação de Tutar é mais um exemplo das narrativas entremeadas no texto, através de uma mulher negra que é retratada como a única esclarecida dentre inúmeras mulheres brancas que, se não se sentem atraídas pela misoginia, não a refutam, reforçando o racismo sistêmico não de brancos, mas exatamente daqueles que promovem sistematicamente essa narrativa de brancos em relação aos negros.

Não se pode negar que o texto é original e tem boas sacadas, como a forma como aborda o assunto aborto, mas o filme não pode ser mais explícito, com imagens tiradas de contexto. Por fim, os vieses são tão notórios, que apenas aqueles que acreditam nessas narrativas, e as promovem, irão idolatrar o filme, irão, em peso, avaliá-lo bem em todas as plataformas do tipo, com o intuito de robustecer suas mensagens, sem perceber que, para quem não se deixa influenciar por essas, é um grande testemunho das mesmas e do uso das Artes para fins não tão nobres quanto essas mereceriam, e que, muito possivelmente, terá o efeito contrário em massas menos polarizadas.


Até que ponto usarão as Artes, fazendo arte, propositadamente com “a” minúsculo, para que os meios atinjam os seus fins, ou seja, suas agendas políticas, no nível mais rasteiro da palavra política?




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