Analise 1.741

Não é novidade para ninguém que Nicole Kidman nunca foi uma atriz que teme correr riscos em sua carreira e, muito menos, entrar na seara de papéis altamente eróticos como foi o caso do ótimo De Olhos Bem Fechados (1999), do saudoso Stanley Kubrick.
Aqui, em Babygirl, ela assume aos 57 anos, uma personagem bastante similar na pele de uma mulher requintada, bem sucedida profissionalmente, casada, dentro de um núcleo familiar aparentemente feliz, que, no entanto, secretamente convive com grandes insatisfações sexuais no que concerne a frustradas realizações de suas fantasias mais ocultas que as consomem internamente como podemos ver logo na primeira cena do filme...que não vou contar.

Com roteiro e direção de Halina Reijn, Babygirl, a produção que já deu à estrela uma indicação ao Globo de Ouro e demais indicações, “pretende” discutir como as mulheres são vistas no mundo moderno e como o envelhecimento acaba por invalidá-las uma vez que, independentemente da competência, sempre são avaliadas pela idade e beleza, porém a direção e roteiro nunca decidem qual caminho abordar: Ou é um drama erótico, um thriller psicológico ou uma análise sobre o mercado de trabalho e, ao querer abordar tudo ao mesmo tempo, a trama enfraquece ao tornar os demais personagens apenas contrapontos da protagonista e, muito menos, aprofunda-se neles para abrir espaço para as cenas de sexo que nem tão bem são exploradas.

Ok que a construção da protagonista, a mulher que cede a submissão em busca de prazer sexual é muito bem feita e prende a atenção, principalmente quando se estabelece um jogo perigoso entre dominador e dominada, entre desejo e poder, que eleva a tensão da trama, mas nem isso e nem o que poderia advir disso se conclui de maneira minimamente interessante.

Nicole Kidman está muito bem no papel mais desafiador de sua carreira enquanto Antônio Banderas faz de tudo com as poucas cenas e falas que o texto lhe oferece, deixando o destaque para o ótimo Harris Dickinson (Triângulo da Tristeza, que pode ser lido aqui) enquanto a cinematografia se faz elegante e o trabalho de câmera bastante eficiente.

Por fim, vale pela escolha corajosa de Nicole que rouba todo o filme e a instigante avaliação psicológica sobre desejo e autoridade em meio a um relacionamento de uma mulher mais velha com um jovem, tema sempre muito controverso ainda que esteja distante do thriller erótico que foi tão anunciado.

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