Sendo um dos filmes mais esperados do ano muito em função de ser a segunda produção do diretor e roteirista Francis Lee que ganhou destaque ao ser nomeado Melhor Diretor no Festival de Sundance/ 2017 com seu trabalho “Reino de Deus” (Analisado aqui em 26/ janeiro/ 18), e por trazer duas das maiores atrizes do cinema moderno, Kate Winslet e Saoirse Ronan, num retorno a temática de um amor homossexual.
Centrando a ação em 1850 numa cidadezinha interiorana na costa da Inglaterra, o ficcional roteiro reescreve a a vida amorosa da paleontóloga Mary Anning (uma das dez mulheres mais importantes na história da ciência), em um mundo dominado por homens traçando um panorama sobre a quase nenhuma importância social e acadêmica do sexo feminino na sociedade do século XIX.
Uma vez estabelecida a premissa e a contextualização, a narrativa insere aquela (Saoirse), que acabará por despertar o fogo de uma paixão que será construída muito lentamente através de pequenos gestos, toques e olhares após a quebra das diferenças de classe entre elas sejam resolvidas e, é aqui que surge um pequeno problema: Se tudo foi desenvolvido tão lentamente, tangenciando o sublime, por que inserir abruptamente uma intensa cena de sexo?
Ok que a química entre Kate e Saoirse estabelece um jogo muito interessante de ser ver na tela e, certamente, lhes valerá indicações na temporada de prêmios com nítido destaque para a primeira, mas não é suficiente para fazer a estória capturar as emoções do espectador a ponto de gerar um genuíno comprometimento ou envolvimento com a trajetória das personagens.
A pretensão de inserir muitos simbolismos à trama de #Ammonite, como os fósseis que escondem o belo oculto pela superfície bruta, o caminhar em terreno pedregoso numa paisagem nublada e o jogo de luzes propiciado pelo apagar e acender de velas, resultam em elementos imagéticos inteligentes, mas que pouco acrescentam diante da rígida estrutura dramática de poucas palavras e diálogos.
Porém é inegável a nítida entrega das atrizes às suas personagens, em especial na ousada segunda cena de sexo, a minimalista direção de arte criando um tom melancólico à cidade juntamente com os opacos figurinos e a fotografia sombria que, quando insere o sol traz belos momentos de amor no mar, numa estória exclusivamente feminina que esquece, lamentavelmente, de trazer algo inovador para o tema.
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