Adeus, Garoto – Itália - 2024
- Cardoso Júnior

- 1 de ago.
- 2 min de leitura
Analise 1.753

Este é o tipo de filme que você, inicialmente e provavelmente não se interessaria à primeira vista, mas se lhe der uma chance ficará marcado para sempre, pois lançado no festival de Roma 2024 de onde saiu com o, prêmio de “Melhor Primeira Obra” para o diretor Edgardo Pistone, Adeus, Garoto trata da estória de um jovem de 17 anos residente nos bairros pobres da periferia de Nápoles e, inicialmente, parece-nos uma abordagem inocente, porém, ao equilibrar com maestria questões familiares e sociais com a chegada prematura da vida adulta com a necessidade de fazer difíceis escolhas, torna-se um drama existencialmente denso.

O uso do preto e branco não é apenas um recurso estético, é, antes de tudo, um reflexo da desesperadora rotina de um mundo sem perspectivas que leva nosso protagonista a uma encruzilhada moral e profundamente emocional que, a brilhante interpretação faz com que sintamos todas as emoções e dilemas juntamente com ele tornando o filme profundamente humano e até doloroso de forma interiorizada acompanhando o garoto que coloca sua vida em segundo plano abrindo mão do amor, da infância e até mesmo da liberdade.

Com uma estética que nos remete aos anos 1960, a direção emula espaços cênicos de um passado cujo o cotidiano de então está presente desde a primeira cena e mergulha cada vez mais nisso, seja nos ambientes externos, internos e na alma do protagonista abrindo mão de criar heróis enquanto concentra-se no retrato de uma geração perdida entre sonhos e as cruéis realidades da vida.

Com seus personagens assumindo com naturalidade a identidade de pessoas reais buscando apenas sobreviver da melhor maneira possível diante das adversidades com alguma dignidade, Adeus, Garoto trabalha o seu olhar humano e isento sobre questão como o machismo arraigado, a exploração da mulher, a submissão dela, e a ausência de perspectivas juvenis dentro de um mundo onde – de ontem e hoje – o perfeito continua perfeito e o terrível continua terrível.

A questão do sacrifício pelas pessoas que amamos está presente de forma contundente e o preço a ser pago pelo altruísmo que pode ser muito caro em um mundo seco e duro onde a palavra futuro não tem cabimento.

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