Classificado entre os cinco melhores curta-metragem no Oscar 2024, o que não é pouca coisa diante dos 80 inscritos, #KnightofFortune, é o primeiro trabalho do jovem cineasta dinamarquês, Lasse Lyskjær Noer, que até então apenas produzira comerciais e videoclipes e, nessa sua primeira incursão, para não adjetivar muito, produz uma obra...inusitada.
Noer começa levando o espectador para uma jornada emocional em um local muito desconfortável: Um necrotério, lugar que muitos conhecem por conta de suas próprias experiências de luto e, nesse cenário sombrio, quase claustrofóbico, desenvolve uma narrativa farsesca- bizarra, ainda que respeite ao máximo a dor dos figurantes presentes, criando um encontro casual entre dois homens vivendo, cada um à sua maneira, o seu momento de perda e de enfrentamento da morte.
Ainda que tudo pareça extremamente desconfortável, o jovem diretor consegue criar uma situação evolutiva que beira a comédia seca aproveitando-se da dureza emocional reinante para fazer uma ligação empática que, por si só, acaba por criar conexões humanas muito rápidas gerando uma estória com ótimo potencial que vai quebrando aos poucos os momentos de maior tensão.
Se, as despedidas para sempre nos parecem algo absurdo, a comédia se aproveita desta absurdeza para abrir para reais possibilidades de uma nova e improvável amizade muito bem construída pelo timing perfeito dos dois ótimos atores centrais resultando numa troca do choro e dor por uma graça irreverente com um final, a céu aberto, poderosamente esperançoso.
