top of page
logo.png
  • Foto do escritorCardoso Júnior

A noite de 12 anos- Uruguai-2018

Atualizado: 6 de ago. de 2020


O candidato do Uruguai a uma vaga no #Oscar2019 , aplaudido nos festivais de Veneza, Berlim e San Sebástian, esteve nos cinemas brasileiros em Setembro/18 e, infelizmente, como já era esperado, com pouquíssima divulgação e público. Lamentável que os entretenimentos feitos para o emburrecimento coletivo solapem uma obra de tamanha relevância histórica.


O premiado diretor e roteirista uruguaio, Álvaro Brechner, apresenta um trabalho centrado nos anos de 1973 a 1985, durante a violenta ditadura uruguaia de forma muito inteligente ao nos contar a história dos três guerrilheiros do grupo Tupamaros que combatiam o regime e, por isso, acabaram encarcerados por 12 anos de maneira desumana. Embora a narrativa seja dura e claustrofóbica (não poderia ser de outra forma), com cenas de tortura física e psicológica para aquebrantar as convicções ideológicas dos prisioneiros, Brechner nos brinda com uma subcamada tão forte quanto emocionante sobre a resiliência humana.


Embora a narrativa não se aprofunde no contexto histórico do país, a montagem insere através de alguns flashbacks cenas da vida dos personagens com o intuito de humanizá-los mais ainda misturadas com cenas de autêntico terror em rápidos flashes sem esquecer-se de suavizá-las ao mesmo tempo em que critica uma pretensa ingenuidade por parte do regime e dos órgãos internacionais.


Brechner trabalha com muitos closes nos rostos de suas personagens investe em interessantes planos-detalhes e parte para planos abertos que ajudam a contar sua história reforçada pela fotografia desbotada em tons de marrom terra e cinza pedra enquanto a maquiagem acompanha com galhardia o deterioramento físico dos três protagonistas em atuações dignas de respeito.


Infelizmente, #Anoitede12anos tem alguns erros de continuidade como a grade do banheiro que não se vê na fachada da casa e a questão dos dentes rapidamente resolvida na cena final, mas isso é apenas um pequeno detalhe para olhos muito atentos e não compromete a obra mais que algumas quebras de ritmo que poderiam ter sido evitadas.


Assim, #Lanotchede12anos, ainda nos brinda com uma belíssima versão da música “The Sound of Silence” de Simon & Garfunkel, para ampliar e tocar mais fundo em nosso emocional.

“E o homem olhou para o condenado e perguntou para o oficial: - Conhece o peso de sua sentença? Não - disse o oficial- Vais senti-la em sua própria pele. Franz Kafka (Na colônia Penal).

TRAILER

bottom of page