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  • Foto do escritorCardoso Júnior

Na Praia de Chesil- Reino Unido -2018

Atualizado: 22 de ago. de 2020


Tendo feito parte da Seleção Oficial do Festival de Toronto 2017, baseado no romance de Ian McEwan (roteirizado por ele), e dirigido pelo diretor teatral Dominic Cooke, essa adaptação deixará os jovens de hoje confusos com a questão sexual, numa Inglaterra de 1962, onde ainda não existia pílula e nem mesmo a ideia de que as mulheres (de família) poderiam ter prazer com o sexo, coisa que elas conheciam apenas através de escassos livros científicos sobre o assunto.

Ao acompanharmos esses dois jovens recém-casados a partir de sua tensa noite de núpcias e, através dos flashbacks sobre como aconteceu e se desenrolou a bela história de amor entre eles, mesmo sendo tão antagônicos, nos deparamos com atuações muito sensíveis de Saiorse Ronan e Billy Howle e de todo o elenco de apoio simplesmente perfeitos o que não é de surpreender quando um diretor teatral assume a direção de atores num filme.

Mas, independente do elenco, o roteiro que transita com suavidade romântica e até mesmo por uns poucos momentos cômicos, vai evoluindo para uma situação muito bem construída entre o assombroso e o trágico, atingindo um clímax que toca fundo no emocional do público levando-o à inúmeras reflexões e questionamentos sobre intimidade e comunicação e de como nossas vidas podem tomar rumos imprevisíveis diante de mágoas que geram uma inação que tem o poder de transformar o que foi doce em algo sofrível para o resto da vida.

Com uma abordagem temática delicada onde as emoções são expressas com silêncios, pausas e olhares, o fulcro não está na questão sexual e sim no que cada um de nós podemos realmente fazer das nossas vidas diante de um impedimento. Como melhor agir? Qual a atitude certa quando duas pessoas se amam verdadeiramente, mas esbarram num grande empecilho?

É importante ressaltar que o entrave, ou mesmo o trauma, não é em vão e que tanto o roteiro como a direção apontam sua causa ainda que muito discretamente uma vez que a causa é irrelevante diante das conseqüências e que é possível relevar a improbabilidade da cena da menina achar a loja já que todo o contexto é factual.

Com belíssima fotografia, On Chesil Beach, nos apresenta cenários deslumbrantes, impressionantes planos panorâmicos, trilha sonora eclética, figurinos perfeitos e ótimos diálogos nessa pequena tragédia que nos é apresentada de forma cuidadosa em cada detalhe, resultando em um trabalho esteticamente elegante que vale cada minuto da vivência e das inevitáveis conversas posteriores sobre e também se as diferenças sócio culturais realmente dificultam um casamento.

PS: Infelizmente sem data definida para lançamento por aqui.

TRAILER



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